Eu tive uma vez uma jóia, nem era jóia, era só uma pedra. Mas uma pedra com tanto brilho, com tanta luz, que clareava tudo, num tempo que não estava lá muito claro. Só que sou a mais estabanada das criaturas sobre a Terra e como faço sempre, deixei essa pedra escapar entre os dedos.
Gente do céu, como sofri! Não pelo valor material, mas pelo brilho que tinha ido embora.
Eu chorei, me descabelei, eu sofri, eu quis morrer, eu me internei, eu me enchi de calmantes de todo tipo, joguei fora a minha Engenharia, fugi dos meus amigos (a maioria fugiu de mim), enfim, o caos.
E não havia pedra que pudesse substituir aquela perdida. Apareceram algumas talvez mais caras, talvez mais belas, mas não tinha jeito.
E como tudo na vida é uma espiral, a própria vida é, um dia achei a minha tão preciosa pedra. E ela estava em outra mão. Um pouco modificada, um pouco “lapidada”, talvez pelo novo ambiente. Mas era a minha pedra. Num primeiro momento tentei ficar amiga da pessoa. Mas é claro, não funcionaria. Então fez-se guerra. Sempre que possível, ela expunha a pedra e aquele brilho que me ofuscava.
Por sorte, eu já estava bem. Voltara ao trabalho, aos amigos, à vida. Mas aquela guerrilha me incomodava demais. Não sei sentir essas coisas. Além disso, a minha pedra estava tão diferente que não nos reconheceríamos, se nos víssemos de novo.
E passei a admirá-la lá, enfeitando as mãos, o pescoço daquela moça bonita que parecia cuidar bem, do que eu deixara escapar.
E fiz aquilo que faz quem ama de verdade. Passei a torcer para que aquela união deixasse a minha linda pedra, embora um pouco já diferente, feliz.
Parece que é o que acontece.
Mas e daí??? Daí que essa semana é o Aniversário dessa minha “sócia”. E eu quero dizer a ela, que do fundo da minha alma, a admiro. Primeiro por ser uma daquelas mulheres que lutam (e tenho profundo desprezo pelas parasitas). Segundo por ter conseguido o que eu não consegui.
Porque amar por amar, sei que a nossa preciosa pedra também me amou. E muito. Mas a estabanada aqui...