Vida Longa, Palavras Curtas...
(.:Verdades Satíricas:.)
Fui dar uma espiada na minha caixa de E-Mails, que normalmente fica lotada daquelas mensagens em massa, que algumas pessoas insistem em te enviar caprichosamente todos os dias, sem jamais esquecer de solicitar ao final que você espalhe para todos os seus amigos e contatos. Foi quando estranhamente constatei a presença de um estranho e-mail que não tinha um título nada comum: “Saudações, querido amigo!”
Detalhe: não havia qualquer anexo, nem HTML, nem slides ou fotos... Nada. Tive um crise de pânico! O que seria aquilo? Um E-Mail bomba? Um supervírus novo, desses que saltam do computador e corroem até o mouse? Fiquei apavorado... Mas “cliquei”.
Era um E-Mail! De verdade, cheio de letras, aproximadamente duas páginas A4, se fosse medir em centímetros. Não tinhas “Smile”, as palavras estavam escritas de forma completa, e, acreditem, bem escritas. Mais uma vez entrei em pânico! Só podia ser coisa de um psicopata, avisando o dia de minha morte...!
Porém, era uma amigável “carta”. Começava de forma simples, e terminava de forma simples. Alguém que dizia me conhecer havia muitos anos, e que as curvas da vida haviam separado, e que reconhecera meu nome no Orkut.
Fiquei pasmo. Lembrei-me daquela época em que se trocava cartas, de duas, três, quatro páginas, que contavam como as coisas estavam, as novidades, os dramas da vida. Eu, particularmente, chegava a dedicar umas duas horas às vezes, para escrever aquela carta, que levaria ainda uns três dias depois de colocada naquelas caixas amarelas do correio, que hoje padecem de solidão, umas poucas que ainda existem. A ansiedade por uma resposta começava ali. Era caro, trabalhoso, primitivo, mas... Tão pessoal e prazeroso...
O aluguel de uma caixa postal nos correios custava caro, mas ainda assim, se encontrava fila de espera para conseguir uma, e selos se compravam em enormes cartelas quando se tinha um parente distante, ou mesmo um amigo ou namorada por correspondência.
Pois é, acho que essas coisas faleceram. E não é pra menos, MSN, E-Mail grátis de todo o tipo, promoções telefônicas, torpedo, celular ao preço de cafezinho, Lan-House por todos os lados, computador ao preço de televisão... Espaço ilimitado para letras. Idéias ilimitadas para escrever. Mas ainda assim, eu raras vezes recebi um E-Mail à altura de uma carta. “E aê, cm vc ta? Fz tmpo q ñ tc com vc! J”... E assim tem sido.
Meio parágrafo, pois ninguém mais tem tempo. Quanto mais a tecnologia avança para te dar facilidades, mais dificuldades você encontra. Menos tempo você tem.
Mas continuei minha jornada, lendo o meu raro E-Mail. “Fiquei muito contente de encontrar você depois de tantos anos. Mas não sabia que tinha se mudado para o Rio Grande do Sul, dizem que aí faz muito frio, não é verdade? Pois é, o pessoal da nossa velha escola, aqui em Minas...”
Não consegui acabar o último parágrafo. Jamais morei em Minas. Sempre vivi no RS. Mas me senti contente, ao menos, por não precisar levar até o correio, colar um selo, e mandar de volta ao remetente. :(