Identidade

Está cada vez mais difícil imprimir identidade própria àquilo que nos diz respeito. Por vezes, fico buscando respirar na superfície, pois para todos os lados que olho e caminho tudo é exatamente igual. É como se a submersão fosse um estado obrigatório e permanente.

Até a maneira em que muitas vezes utilizamos para descrever algo ou alguém, precisa estar diretamente vinculada a uma imagem popular, a uma marca ou fato que TODOS conheçam. Isso me entristece.

A impressão que dá, é que ninguém tem o direito de ter sua marca própria e que isso é errado, pois está fora do contexto.

Infelizmente as pessoas estão deixando de ter suas vozes e vontades atendidas porque preferiram aderir ao que é comum. Faça a experiência de olhar vitrines. Dentro de um shopping, ao olhar uma loja, esteja certo de que já viu todas. Até a disposição das roupas e acessórios nos manequins são idênticas.

Quem foi que disse que eu tenho de gostar daquilo que está ali? Não é rebeldia, simplesmente não sou igual à maioria. E aí, das duas uma: ou você cede para não parecer chato e intransigente ou mantém sua identidade e é comparado a um ET.

O pior é que quando não estamos de acordo com a massa, ficamos sofrendo esse tipo de apontamento e o que mais pode ser pior do que ser comparado? A comparação só reafirma a teoria da perda do direito de ter identidade.

Experimente falar de alguém que você conheça e descrevê-lo a um amigo ou parente. Experimente falar de um sabor ou cor que você conheceu em alguma situação. A pergunta que vem em seguida é: parecido com que ou parece com quem?

Como assim? Por que é que qualquer coisa que exista tem de ser parecido com outra? Por quê? Se já que somos únicos não fazemos disso um motivo de crescimento ao invés de ficarmos o tempo todo tentando parecer com outra pessoa, colocando em cheque nossa identidade?

Lamento informar que vou continuar não gostando e não usando a moda (se é que se pode chamar assim) que pensam me impor.

Lamento informar que não vou passar o resto da minha vida consumindo música ruim, comida ruim, feitos tão depressa e automaticamente que parecem crus.

Aos que não concordam não há motivo para desculpar-me. Afinal você tem o direito de ser parecido com quem quiser.

Eu, como sou eu pura e simplesmente, e por estar absolutamente consciente de minhas responsabilidades, assumo definitivamente a minha condição de ET. E se as coisas continuarem caminhando nessa direção...

Não demora muito e eu terei de me mudar de planeta.

Fernanda Vaitkevicius
Enviado por Fernanda Vaitkevicius em 22/10/2008
Reeditado em 22/10/2008
Código do texto: T1242216
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