T.P.M. (Tenha Paciência Mulher!)
Você já chegou ao ponto “pequenas coisas/grandes incômodos”? A bagunça ALHEIA pela SUA casa lhe deixa doida? Os sapatos da centopéia amada por todos os cômodos, a porta do armário aberta, o relógio criando raízes no banheiro, a absoluta incapacidade de fechar frascos de xampu... isso lhe enlouquece? Sim? Bom, querida, então é oficial: você está ficando velha! E chata! Como eu.
Outro dia uma amiga ao telefone, vomitando no meu ouvido aquele velho discurso (que eu adorava tanto em eras passadas) sobre a fundamentalidade da paixão no mantenimento das relações... “Quanta abobrinha!” – Pensava eu dando graças a deus de que, pelo telefone, ela não podia ver minhas caras e caretas, afinal uma ilusão a menos não precisa acabar em uma amizade a menos também.
A verdade é que paixão – cedo ou tarde – passa. No dia em que você se sentir confortável o suficiente para ir ao banheiro de porta aberta tagarelando (de lá do banheiro) sobre como fulano cozinha mal ou fulana não sabe se vestir, pode ter certeza: Já passou! Acabou de passar! Saíu de fininho pela porta dos fundos e foi "comprar cigarros". Não tem paixão que resista a rotina, mau-humor matutino, ronco, TPM, calcinha furada ou ramela no olho, ou seja: intimidade. O que segura a onda mesmo na hora do vamos ver é compaixão, companheirismo, compatibilidade de gostos e, claro, sexo com qualidade e regularidade, o resto, depois de um tempo, é conversa pra boi dormir.
Outro dia tive que ir dormir com essa pérola: “Quando eu tô pê-da-vida há duas coisas que você pode fazer pra me acalmar imediatamente: tirar o sutiã ou tocar violão (!), e eu? O que devo fazer pra lhe acalmar quando você está puta comigo?” Ah, não tive dúvidas: “Calar a boca!” (Tipo... agora!)
Tá... “suar a camisa” (desde que eu não esteja de TPM!) também ajudaria um bocado...
Convenhamos, à exceção do sexo, tudo o que é em excesso cansa, enjoa, entedia, enche, isso se não dá diarréia mesmo, até o que é, supostamente, incondicionalmente bom, incluindo chocolate. Carinho por exemplo, quem não gosta? Mas neguinho pegando, abraçando, beijando vinte-e-quatro-por-sete ninguém merece ou agüenta, chega a dar até falta de ar. Quando atenção vira vigilância e cuidado vira controle, definitivamente é hora de meter o pé no freio... Ou na bunda.
Aliás, falando em sexo e pé-na-bunda, ao menos para mim está comprovadíssimo que se tem muito mais sexo (ou minimamente a probabilidade de) quando se está solteiro do que quando se está casado, juntado, enrolado, compromissado ou de qualquer forma atado a uma específica pessoa. Tico-tico-no-fubá não conta, afinal não requer exclusividade.
Por outro lado... tia louca todo mundo tem uma, não sou só eu. Lembro que essa dizia: “Eu só vou me envolver com uma pessoa que eu ame total e incondicionalmente, e em tudo, desde, até e inclusive.” Claro, morreu solteira, e louca (pleonasmo ou repetição?). E virgem! Nem tanto ao mar nem tanto à terra, há que se ter critério, mas até para o critério há que se ter limite, afinal, refreando meu criticismo nato, mamãe bem me ensinava: “Minha filha, quem muito escolhe, pouco recolhe.” E desculpem-me os politicamente corretos, “antes só que mal-acompanhado” é papo de bem-acompanhados e solteironas tentando levantar a auto-estima.
Parece-me, enfim, que o segredo é mesmo a tal da paciência, virtude a qual – confesso – não tenho... mas tento!