A Cigana e as Tarefas

Passando pela Rua 382 encontrei uma velha cigana. Vestia um longo vestido, com penduricalhos barulhentos e tudo mais que desse a impressão esotérica aos transeuntes do lugar.

Parou-me, olhou dentro dos meus olhos, não sei se percebeu minha cara cansada ou que a vida amorosa não andava como deveria, mas me parou e parecia ler meus pensamentos.

Alguns segundos me encarando e disparou que eu conheceria uma mulher, uma linda mulher, com quem eu passaria o resto da minha vida.

Como qualquer ser humano, não posso ser hipócrita, até fiquei feliz com as palavras da velha cigana do vestido de penduricalhos.

Mas. Sempre tem um “mas”. Eu teria que realizar algumas tarefas.

A primeira delas: Matar um gigante de 4 braços que vive na montanha mais alta e gelada do mundo. O por quê eu não sei, fiquei com medo de interromper a cigana, dizem que traz má sorte. Seguindo a conversa, ainda me olhando de um jeito como se comesse minha mente, me disse que eu deveria ir ao centro da terra e trazer um pouco de magma de lá com as próprias mãos, pois usaria o mesmo para completar a terceira fase da minha busca por uma mulher para a vida toda. Forjaria uma espada cravejada de 10 mil diamantes, porque só assim eu poderia destruir o grande dragão do mar que vive nas profundezas mais escuras do Oceano Índico, se bem me lembro, uns 3.000 metros abaixo da superfície. O tal dragão traz consigo um amuleto mágico que serviria para espantar os monstros que vivem na Caverna do Diabo, onde eu teria que viver dois anos, sem comida, nem água.

Continuando me disse que ao sair da caverna encontraria à minha espera a tal mulher. O amor da minha vida.

Para que as tarefas estejam completas e você viva feliz para sempre, disse ela, basta você jurar de coração que nunca sofreu por amor e nunca mais vai sofrer.

Deixei a cigana falando sozinha e fui me inscrever em um programa de namoro na TV. Algum mortal consegue jurar que nunca sofreu por amor e nunca vai sofrer? Ahhhh cigana maluca...e eu achando que ela estava falando sério. Me aparece cada doido hoje em dia.

Franco Giovanella
Enviado por Franco Giovanella em 21/10/2008
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