A INTERNET E SEU CÓDIGO
Existem, para desespero de muitos, vários códigos com os quais podemos nos comunicar. Porém, os mesmos existem para deleite de outros tantos. A nossa língua é vasta, considerada uma das mais neste item por tantos filólogos, que nos abre um leque enorme de variedades. Nada melhor que esta amplidão, esta mutação constante de uma língua.
A sua evolução se dá, via de regra, pelo mesmo motivo citado acima, ou seja, a sua fuga às regras, ao pragmatismo. Neologismos, gírias, estrangeirismos... não fosse assim, teríamos a chamada “língua morta”, aquela que não evolui. Além disto, nossa língua pátria é fruto de outras várias, tantas que se torna impossível listar. E não se deve esperar nem mesmo “igualdade” com as línguas de outros falantes de português, pois há, em cada uma delas, a incidência de outros fatores culturais que as tornam diferentes até mesmo entre si. Tive, em minha formação, a felicidade de conviver com professores universitários vindos de Portugal, Angola e Moçambique. Um prazer ver, ouvir e ler em “outro” português.
Porém, recentemente, vem surgindo, com força total, outra forma de se comunicar, a linguagem da internet. Criativa, ampla, preguiçosa. Reflete, em sua indolência, a jovialidade de um código novo, a rapidez que se espera dos novos tempos. Parceira da evolução tecnológica, contemporânea das efêmeras relações pessoais, como eu disse em outro texto, “Círculo Vicioso”.
São ícones, criados a todo momento, símbolos variados, abreviaturas mil. Um desafio constante aos novos educadores, pois não somos professores de gramática, mas de Comunicação, e este é, indubitavelmente, uma nova forma de se comunicar.
Entretanto, não se justifica o desconhecimento da língua formal, necessária em tantos outros contextos, em tantas outras situações. Participando de equipes de correção de alguns processos vestibulares, tive o desprazer de encontrar em vários textos a linguagem da internet, o que é extremamente inadequado. Todavia percebi que isto acontece mais com os adultos, pois, em outro processo, patrocinado pela ONU, em que travei contato com textos de todo o Brasil de alunos da 6ª série do Ensino Fundamental, tal não ocorreu.
Não é meu propósito, aqui, defender nenhuma tese a respeito; porém, é preciso que os códigos coexistam, ambos em seu contexto. Mesmo na internet, em várias situações, faz-se necessário o uso da linguagem formal. Mas o fato de alguém usar um código especial em uma situação especial não faz do mesmo um detrator da sua língua: apenas alguém que a usa com liberdade, propriedade e intimidade.