Lindemberg - produto do meio

Segundo a teoria naturalista, o homem é produto do meio. Não adianta sonhar com acontecimentos mirabolantes como tirar chocolate da teta da vaca. Vaca fornece leite, sempre fornecerá leite. Depois, ocorre outro processo até o leite se transformar em achocolatado.

Atualmente, a humanidade parece desacreditar disso; e, então atropela o processo na louca ânsia de arrancar da vaca o chocolate pronto.

O que aconteceu em Santo André, terra do meu amigo Éder, foi apenas o resultado daquilo que é plantado por uma sociedade doida, desnorteada, tresloucada por não conseguir tirar do lombo do boi o bife já frito e ladeado por batata frita.

O que disse o psicopata ao negociador do GATE? Disse que tudo que sonhou, não sonhava mais. Queria ter uma família(?), um carro(?) e uma casa(?). Ou seja, queria tudo o que lhe fora incutido pelo sistema, provavelmente através de tias risonhas das creches públicas, onde fora criado como se cria eucalipto. Em nenhum momento quis “ser”. Agora, conseguiu ser: seqüestrador, assassino, etc.

Eloá, sonhosa, romântica, provavelmente percebera que não seria feliz direito com Lindemberg. Como reproduziria braços fortes necessários à condução do mesmo sistema, ao lado de um homem que já não a fazia delirar de paixão? Fomos todos escravos desta filosofia, infelizmente predominante e que nos conduz à garganta do diabo.

Digo isso por que sou também neurótico? Provavelmente. Mas, antes de assumir isto, quero pedir que assumamos que estamos errados em relação aos nossos sonhos e vidas. Assim, poderíamos pensar em mudar a rota, o rumo. Pensemos e mudemos enquanto há tempo.

Esta crônica pretende produzir esperança. Pois, o reconhecimento de que a rota está errada, já seria extraordinário recomeço. Quem duvida que milhares de Eloás e Lindembergs estão sendo criados em escolinhas públicas com sopa de fubá, sob educação carnavalizada, ministrada por professores e governantes, também filhos da mesma “agonia” cretinizada?