O FUTURO DOS SEUS FILHOS
-Não foi uma boa idéia te trazer!
-Esse teu emprego não é uma boa idéia irmão! Desmatar a Amazônia é um crime universal!
-Isso não é desmatamento, é só uma podagem básica.
-Podagem básica? Josué você é louco! Só hoje você já derrubou 15 árvores!
-16, contando com essa que vai cair agora... Cuidado com a cabeça Samuel.
-Você gosta mesmo de destruir a natureza não é? Seu miserável...
-Destruir a natureza pra colocar comida na nossa casa! Você devia era parar de reclamar e me agradecer. Graças a essas arvores que eu derrubo que você nunca teve de trabalhar!
-E essas mesmas árvores vão fazer uma falta tremenda no futuro. Milhões vão morrer por que elas não existirão mais!
-E o que você quer que eu faça? Deixa de teu drama aí! Eu estou vivo agora! Quem vier depois de mim que se lasque! Fome é que eu não vou passar!
-Você realmente acha que isso é certo?
-Acho sim! O certo é o que eu posso fazer, e eu só posso fazer isso!
-Eu sinto muito!
-É para sentir muito mesmo! Agora vê se cala a boca e me deixa trabalhar!
-É, acho que você não me deixa outra escolha.
-Como assim?
Samuel então se retirou daquela zona morta no meio da floresta onde seu irmão, e muitos outros infelizes, ganhavam a vida.
Ao ver seu irmão se afastar, Josué começou a gritar:
-Samuel, volte aqui! Seu imbecil, aonde você pensa que vai?!
Samuel voltou apenas duas horas depois, acompanhado por vários agentes da polícia federal e do Ibama. Ele havia denunciado o corte ilegal.
Depois de muitos madereiros fugirem, entre os presos se encontrava Josué. Que se sentia traído por seu irmão.
-E aí maninho, deduraste legal não foi? -Josué, já algemado, cuspiu na cara de Samuel assim que o viu.
-O que eu fiz, eu fiz por meus sobrinhos. Tatiana e Bruno não merece esse futuro que você estava ajudando a construir!
Ao lembrar-se de seus filhos, Josué sentiu um calafrio.
Entrou então no helicópetero da polícia, com rumo à cadeia, e foi então que conseguiu ver o tamanho do seu erro.
Ao olhar para baixo, e ver aquelas árvores derrubadas, aquela mata sem vida, aquele espetáculo fúnebre de morte que ele havia criado, soltou uma lágrima solitária, acompanhada pelas palavras:
-Meu Deus, o que foi que eu fiz?!