VIAJAR NO SONHO

Já tive um belo encontro com Clark Gable. Assistindo “O Vento Levou” sozinha, no meu sítio, ele saiu da tela, deu-me um esplendoroso beijo, deixou-me tonta, e voltou para a tela, a fim de casar-se com a Vivien Leigh. Foi a maior decepção da minha vida. Pensei: “- Isto não pode ficar assim”. Acredita que só ele beija gostoso e é bonitão?!

Dia desses descobri por acaso “O Morro dos Ventos Uivantes”. Como fiquei feliz! Vi esse filme ainda adolescente e fiquei perdidamente apaixonada pelo Laurence Olivier. Meu Deus! Vai ser bonito e másculo! Pensei: ”- É hoje que vou ter o mesmo encontro no sítio”. Sozinha, preparei a televisão e o meu espírito para assisti-lo. A música, o vento uivando, as portas e janelas batendo, árvores contorcendo-se... Que cenário!! Ele? Era o protótipo do galã; alto, moreno, cabelo anelado, fala forte e grossa. Que olhar!

Pois bem, fui assistindo e vendo o seu envolvimento com a jovem da historia - “Merle Oberon”. Um amor forte – paixão – os envolvia desde criança. Fugiam para uma montanha próxima a casa de campo e lá ficavam tecendo coisas de amor. Acontece que ele era um empregado e, ela, a filha do patrão, numa época em que as classes sociais não se misturavam. Nessa altura aparece um novo galã para a mocinha. Rapaz de família rica, completamente apaixonado... não deu outra; ficaram noivos e se casaram. E, o belo jovem, empregado? Ah! Nem conto tamanha decepção e tristeza! Foi aí que eu entrei. Comecei a chamá-lo com carinho. “– Puxa! Você lindo desse jeito, fica curtindo paixão por aquela ingrata! Venha conversar comigo que eu o salvo.” Não é que ele me ouviu! Também estava carente, desiludido... Mas, veio. Saiu da televisão, sentou-se ao meu lado e... curei sua dor, sua paixão. E, ainda, me vinguei do Clark Gable. Sabe quantos anos eu tinha neste momento? Treze anos. A idade de quando assisti àquele filme. Trocamos confidências, carinhos, e... para que ficasse curado de vez de sua paixão, voltei a minha maturidade, a minha velhice. Pude, então, com minhas experiências vividas, ensinar-lhe como paixão é “fogo de palha” e, que ele, encontraria, ainda, o amor de sua vida. Agradeceu-me, beijou-me, e voltou para a bela casa de campo do “ Morro dos Ventos Uivantes”. Com meus conselhos, criou força e coragem para disputar e conquistar seu amor. O final? É lindo! Maravilhoso! Mas, não vou contar. Vejam “O MORRO DOS VENTOS UIVANTES”.

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 19/10/2008
Código do texto: T1236529
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