O que foi que faltou? O que será que aconteceu para que, cinco dias após, o desfecho fosse esse? Faltou confiança, ou sobrou confiança? Faltou competência, ou sobrou vaidade pessoal? Vaidade, por não perceberem que seria necessário, naquele momento, a busca de profissionais que o caso exigia, para que se fizesse uma análise segura e completa do perfil psicológico do rapaz – que entrou lá, de posse de duas armas e a decisão já delineada em sua alma ferida e doente – matar quem, a seu ver, lhe magoou.
É comum, nesses casos, de mentes perturbadas que se julgam desrespeitadas, preteridas, que se busque um culpado pelos fatos. Nesse, especificamente, o seqüestrador responsabilizava a menina, por quem se julgava apaixonado, e a maior amiga e confidente, pelas dores que vinha sofrendo. Por isso ele a chamou de volta – a amiga.
Matar uma, apenas, não seria o suficiente para aplacar o seu ódio. As duas eram culpadas. Ele já estava decidido. Não haveria volta. Estava tudo perdido e seria assim. Os negociadores não perceberam a gravidade real do quadro que ali se descortinava. Ele não estava lá para brincadeira. Abriu mão de tudo, de sua rotina de vida, dos amigos que tinha, de seus sonhos e centrou-se, em um só objetivo – dar cabo daquela que lhe fazia sofrer – segundo ele – por seu descaso e falta de atenção ao que queria.
Todos confiaram, excessivamente, nele – inclusive as meninas – pois sempre pediram calma a todos. Estavam, visivelmente, apavoradas – não seria diferente – mas, confiavam. Seria difícil para elas, que conviveram por tanto tempo com essa pessoa, dócil, trabalhadora, honesta, acreditarem que se tratava de um assassino em potencial.
Assassino, sim. E doente! Era necessário que se percebesse isso não e o tratassem como uma pessoa que estava em seu perfeito juízo e discernimento. Não perceberam a alienação, o descontrole emocional de quem se sentiu prejudicado, humilhado por alguém a quem amou um dia?! E a firme determinação de matar quem "acabou com sua vida"!
Agora, o que resta? Famílias destruídas, feridas que jamais se cicatrizarão, almas com marcas profundas que jamais se apagarão! Vidas de jovens destruídas antes do tempo! Porque não perceberam a gravidade e a imensa lacuna que existia naquela mente! Uma lacuna de atenção, de carinho que – talvez – tenha precipitado os acontecimentos.
Eles deveriam perceber isso! Que aquele rapaz não faria concessões, que ele nada queria, a não ser a vida daquela menina... E ele a teve. Acabou! Nada mais resta, a não ser um grande vazio em muitas vidas - para sempre!