xerox
Rosa Pena
— Pai, você já contou essa piada seis vezes.
— Velho se repete muito, filhota.
Fiquei pensando nisso: naquilo que já foi engraçado e agora é chato. No quanto nossos filhos nos achavam bacanas e agora nos deixam com cara de imbecis. Fizemos o mesmo?! Lembrei do ritual dos finais de semana, em que sempre rolava um churrasco com caipirinha, e o porre que perdeu a graça há muito e deixa o filho tão injuriado; nos pagodes que se repetem nas melodias e letras, estes é que são uns porres; nas novelas que são iguais (vale a pena ver de novo?); nos conselhos sempre previsíveis e idênticos aos da bisavó (fruto da experiência); nas promessas dos políticos eternamente similares; nas respostas dadas ao final de cada gestão: Não houve tempo viável para execução, precisamos de mais quatro anos no poder. No homem que larga a esposa por uma garotinha e vice-versa e, depois, reclama que perdeu o apê; no famoso jogador que engravida a modelo e vai pro DNA, jurando que foi sem querer; no jovem que experimenta droga, sabendo que Joplin, Hendrix, e tantos outros assim morreram; no dirigir bêbado, contando com a sorte; na AIDS sem camisinha: Pra que camisinha? (ainda perguntam); na primeira guerra no mundo; na guerra das estrelas, tão amadas nos games e quase sonhadas para o futuro; nas brincadeiras com a vida, que há muito perderam o riso, porém insistidas em se fazer. Finalmente, pensei na resposta de meu amigo para sua filha: é na velhice que se repete tanto. Será que a terceira idade não começa na adolescência, onde se inicia a repetição e a surdez?
— Vá estudar agora, senão quem repete o ano é você, pois de vida vai repetir sim (atrevi-me a proferir).
Danem-se os traumas que vai ter, sobrevivi aos meus, mamãe aos delas, bivó também.
Eva nasceu de uma costela, mas ficou na dela. Não tinha mãe e pai para culpar. Costela não tem ouvido.
Tirei o CD da Tati Quebra Barraco e coloquei Stephane Grapelli.
Já que só xerocamos, que seja com qualidade.
livro UI!
Rosa Pena
— Pai, você já contou essa piada seis vezes.
— Velho se repete muito, filhota.
Fiquei pensando nisso: naquilo que já foi engraçado e agora é chato. No quanto nossos filhos nos achavam bacanas e agora nos deixam com cara de imbecis. Fizemos o mesmo?! Lembrei do ritual dos finais de semana, em que sempre rolava um churrasco com caipirinha, e o porre que perdeu a graça há muito e deixa o filho tão injuriado; nos pagodes que se repetem nas melodias e letras, estes é que são uns porres; nas novelas que são iguais (vale a pena ver de novo?); nos conselhos sempre previsíveis e idênticos aos da bisavó (fruto da experiência); nas promessas dos políticos eternamente similares; nas respostas dadas ao final de cada gestão: Não houve tempo viável para execução, precisamos de mais quatro anos no poder. No homem que larga a esposa por uma garotinha e vice-versa e, depois, reclama que perdeu o apê; no famoso jogador que engravida a modelo e vai pro DNA, jurando que foi sem querer; no jovem que experimenta droga, sabendo que Joplin, Hendrix, e tantos outros assim morreram; no dirigir bêbado, contando com a sorte; na AIDS sem camisinha: Pra que camisinha? (ainda perguntam); na primeira guerra no mundo; na guerra das estrelas, tão amadas nos games e quase sonhadas para o futuro; nas brincadeiras com a vida, que há muito perderam o riso, porém insistidas em se fazer. Finalmente, pensei na resposta de meu amigo para sua filha: é na velhice que se repete tanto. Será que a terceira idade não começa na adolescência, onde se inicia a repetição e a surdez?
— Vá estudar agora, senão quem repete o ano é você, pois de vida vai repetir sim (atrevi-me a proferir).
Danem-se os traumas que vai ter, sobrevivi aos meus, mamãe aos delas, bivó também.
Eva nasceu de uma costela, mas ficou na dela. Não tinha mãe e pai para culpar. Costela não tem ouvido.
Tirei o CD da Tati Quebra Barraco e coloquei Stephane Grapelli.
Já que só xerocamos, que seja com qualidade.
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