A violência atingiu um grau absurdo, somos reféns dentro das nossas casas e cidades. O jornal estampa crimes covardes, vidas roubadas em finais infelizes.
Ações  policiais mal-sucedidas , tiros que não deveriam ter sido disparados. Falta de preparo, ansiedade,  desespero, não  é hora de apontar culpados. Precisamos de soluções imediatas.
Vivo reclusa em uma vila no subúrbio, minha casa tem grades imensas, muros que deveriam me proteger. Mas não é isto que ocorre, recebo os jornais, ouço as notícias, vizinhos comentam os crimes diários. Sigo apavorada,  cercada de favelas e fantasmas. Refém do medo.
Cruzo avenidas sempre atenta aos estranhos, as calçadas transformaram-se em campo minado. Não é exagero, a guerrilha urbana é fato.
Adorava passear pelas ruas do centro da cidade aos sábados. Percorria as ruelas fervilhando de gente animada, famílias fazendo compras e provando delícias nos quiosques de comida árabe. O burburinho soava como música, felicidade encontrada na simplicidade de caminhar no meio do povo.
 A última vez que ousei repetir o passeio, a magia havia sido substituída por seguranças, avisos de cuidado, vendedores desconfiados e muitas lojas fechadas. Sinto que minha cidade não é mais tão bonita, perdeu o viço e a liberdade. 


Bairros transformaram-se em uma grande vitrine de marginalidade e descaso público. Turistas não encontram a princesinha do mar, tropeçam nos mendigos e prostitutas. São assaltados e prometem jamais retornar.
A  memória é curta ou copia os três macacos. Surda, cega e Muda. Talvez seja hora de levantar o tapete e limpar a sujeira acumulada. Definitivamente, não podemos levar a vida no compasso de um samba.  
Pátria amada, mãe gentil, seus filhos estão perdendo a luta. Temem o próprio irmão, clamam por justiça e sonham com a paz.  
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 18/10/2008
Reeditado em 03/11/2008
Código do texto: T1235702
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