Desculpe, amiga!

Nestas eleições perdi uma amiga. Perguntou-me em quem eu votaria; falei; e ela: “nele não voto nunca. Imagine... É maconheiro e viado”. Disperso que estava, emendei: “Mas tu também não é biscate, maconheira e adora uma mulher tetuda?”

Falei isso com a intenção de fazer graça e rirmos largamente como costumávamos fazer. Achei engraçada ela apontar no outro defeitos que ela própria tem. Mas não foi isso que aconteceu; botou marra e torceu a cara.

Apossou-se do direito de “eu posso tudo; tu, nada”. É um tipo bem comum nos nossos dias. Quer a falsa sensação de liberdade a qualquer custo; atropela, desrespeita, o direito do próximo e pensa somente em si. Sua base maior é apontar o dedo ao outro. Isto, numa cabeça oca, resolve tudo.

Lamento o ocorrido por ter sido originado num mal-entendido. Mas, falando no duro: é uma espécie que não me interessa por ser totalmente vazia. Quer a felicidade frívola em cima da laje da casa sem alicerce. Finjo que preso, mas nem ligo.

Entrementes, nada mais nos redime mais do que apontar defeitos alheios. Eu, você e o outro, após pesados e medidos, somos exatamente iguais. E é por isso que estou aqui apontando a quenguice da minha ex-amiga. Releia, Lindona, e pense. Pedir desculpa, neste caso, não peço. Ou peço...? Vaca!