Casa de Avó.
Férias escolares e pela manhã eu cruzava a avenida para chegar à casa de vovó Élia. Já havia recebido a autorização para atravessar a rua, portanto já era adolescente.
Naquelas manhãs o melhor lugar da casa era o quarto de costura que tinha um janelão onde a adolescente de short e "mini blusa", como se dizia nos anos setenta, se acomodava, amparando as costas em uma dos lados da janela e estirando as pernas no seu cumprimento.
Dentro escutava as histórias de Isaura, a prima da avó que morava na casa e fazia os acabamentos nas costuras, e de Soledade, a moça que também residia lá, costurando de dia e estudando a noite.
A bisavó Anna, entrava reclamando alguma coisa ocorrida na cozinha. De vez em quando sentava e contava um pouco da sua vida. Eu sorvia tudo aquilo como se fosse contos de fadas.
Vovó Élia era uma avó moderna e bastante ocupada. Imaginem que foi até prefeita do município onde nasceu. Estudava línguas, além de exercer muitas outras funções sempre ligadas aos problemas sociais.
Ainda assim nunca deixou de cuidar do seu jardim e junto com o jardineiro mexia e remexia em suas plantas lindas adornando a casa onde ela também exercia com o coração aberto a arte de boa anfitriã.
Da janela eu me recheava de passado, enquanto mantinha o olhar no futuro. A qualquer momento poderia entrar um príncipe, que àquela altura seria um dos amigos de minha tia mais nova.
Assim cresci, sendo aquele também o meu lar. Proibida de namorar em casa aos doze anos? Na casa de vovó Élia podia sim. Se meus pais não gostavam do barulho dos amigos e do som alto; na casa de vovó tudo isso era permitido.
À noite mudava o short por jeans e blusinha mais bonitinha. Perfumada, atravessa a Rua Apodi novamente. Os amigos chegavam. Carros e motos estacionavam na grande calçada e ao som de Belchior, Fagner ou Supertramp começávamos a nos tornar adultos sob à guarda carinhosa de minha querida avó.
Retrato de Vovó Élia.
Evelyne Furtado, em 16 de outubro de 2008.
Férias escolares e pela manhã eu cruzava a avenida para chegar à casa de vovó Élia. Já havia recebido a autorização para atravessar a rua, portanto já era adolescente.
Naquelas manhãs o melhor lugar da casa era o quarto de costura que tinha um janelão onde a adolescente de short e "mini blusa", como se dizia nos anos setenta, se acomodava, amparando as costas em uma dos lados da janela e estirando as pernas no seu cumprimento.
Dentro escutava as histórias de Isaura, a prima da avó que morava na casa e fazia os acabamentos nas costuras, e de Soledade, a moça que também residia lá, costurando de dia e estudando a noite.
A bisavó Anna, entrava reclamando alguma coisa ocorrida na cozinha. De vez em quando sentava e contava um pouco da sua vida. Eu sorvia tudo aquilo como se fosse contos de fadas.
Vovó Élia era uma avó moderna e bastante ocupada. Imaginem que foi até prefeita do município onde nasceu. Estudava línguas, além de exercer muitas outras funções sempre ligadas aos problemas sociais.
Ainda assim nunca deixou de cuidar do seu jardim e junto com o jardineiro mexia e remexia em suas plantas lindas adornando a casa onde ela também exercia com o coração aberto a arte de boa anfitriã.
Da janela eu me recheava de passado, enquanto mantinha o olhar no futuro. A qualquer momento poderia entrar um príncipe, que àquela altura seria um dos amigos de minha tia mais nova.
Assim cresci, sendo aquele também o meu lar. Proibida de namorar em casa aos doze anos? Na casa de vovó Élia podia sim. Se meus pais não gostavam do barulho dos amigos e do som alto; na casa de vovó tudo isso era permitido.
À noite mudava o short por jeans e blusinha mais bonitinha. Perfumada, atravessa a Rua Apodi novamente. Os amigos chegavam. Carros e motos estacionavam na grande calçada e ao som de Belchior, Fagner ou Supertramp começávamos a nos tornar adultos sob à guarda carinhosa de minha querida avó.
Retrato de Vovó Élia.
Evelyne Furtado, em 16 de outubro de 2008.