Romeu e Julieta

Romeu e Julieta

No balcão de Julieta, Romeu abraçado à amada, promete-lhe amor eterno. Ela então enlevada, sorri com os olhos brilhantes no espelho dos olhos da amada. Romeu sonha com o futuro...

Quantos séculos giraram a sua frente em seu devaneio de alguns segundos? Ele apenas vê Julieta com outras formas num aposento diferente enquanto ele se acha estranho dentro de umas vestes muito justas. E o calor? Forte, úmido, tão diverso às noites de Verona...

Um calafrio percorre-lhe a espinha, sente estranho pressentimento...

Lá fora a multidão espera ansiosa como uma platéia espera o grande final. Alguns murmúrios aqui e ali pedaços de conversas quebradas, línguas afiadas, aumentando detalhes, inventando conflitos, pedindo milagres.

Os segundos passam voando, Romeu está impassível com a amada ao seu lado, sente-se infeliz... Antes de representar seu papel não sabia que o “script” havia mudado e que sua amada o rejeitaria...

Ah! Romeu soubesses antecipadamente a trama de teu destino não teria se concretizado.

Ah! Romeu te afogastes no mar de teu imenso amor, debatendo-se entre as ondas, irás o fundo encontrar bem depressa.

Que infinito amor, que chama vibrante que se apaga ao vento mais forte? Amor, estranho amor, eu sei que vou te amar para sempre vou te amar... E um dia quem sabe Romeu ainda ferido por esta dor pense: Onde você estiver não se esqueça de mim.

Não fosse o amor este misto de alegria contente e tristeza deprimente, não fosse o destino um fato marcante, não fosse Julieta tua amante, não terias existido para o mundo.

Ah! Romeu, alguns séculos se passaram, mas teu amor permanece... Encontras no brilho dos olhos de tua Julieta e eu encontro este amor no gesto derradeiro de um rapaz de vinte e dois anos, que na sede de ser compreendido, soltou as asas da imaginação e toda a nação espera que ele se entregue arrependido.

Ah! Romeu, bem sabes que o amor permanece. Mesmo visto com outras lentes através dos séculos. O que outrora era perseguição, hoje é alucinação. Os pares desta época são inconstantes e mutantes...

Romeu enxugo uma lágrima teimosa, que escorre pela minha face. Romeu o que fizestes de tua Julieta?

Vou fechar as páginas de tua existência e guardar comigo os sonhos românticos de tua juventude, o porei a dormir. Guardarei a essência do teu amor. Vou desligar esta caixa maldita que fala, esta máquina mortífera, a tal de televisão, pois meu estômago está revirado. Romeu ainda não sabes o pobre rapaz, em nome do amor, arrisca tudo inclusive a vida da amada.

Romeu tivestes melhores dias com tua Julieta. Este pobre rapaz está a caminho da sarjeta.

Pobre Romeu, pobre rapaz, pobres jovens que não acham espaço para este sentimento inigualável que é o amor.

O amor essência tão pura, se esparrama no vento do tempo e vai penetrando outros lugares, preenchendo com sua sutileza muitas almas sedentas e famintas do pão da amizade e da luz da fraternidade.

Boa noite, Romeu te abençôo por este amor tão profundo que nos legastes. Nem mesmo o tempo pode apagar as marcas que ele deixou dentro de ti.

A neblina envolve a cidade em um prédio evacuado pela polícia em Santo André onde dois jovens outrora enamorados se vêem diante de um impasse... E a platéia assiste o drama dos jovens.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 16/10/2008
Código do texto: T1231837
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