Processo Seletivo

Me deram a folha em branco escrito " o que você tem de bom a oferecer?" Que pergunta um tanto quanto comprometedora, não? Então se naquela hora eu dissesse que quero doar a medula por ser apenas uma idéia que passou pela minha cabeça, como uma mosca em torno de copo de bar serei um dia cobrada pela medula a ser doada?

E como ainda preencho formulários e formulários sobre a minha vida, derrepente tem tanta informação assim pra passar? Nem eu sabia! Logo eu que achei que minha vida se resumia em tão pouco estou na terceira pagina de informações e ainda faltam mais duas.

Ixe! Ela voltou com mais um montante de folhas pra preencher! Meu Deus eles vão saber mais sobre mim do que eu mesmo, ou do que minha mãe coitada que me colocou no mundo.

Analise profunda de mim, mas tão profunda que nem eu achei que nesse 1,65 de altura eu fosse tão funda assim.

Caracteristicas físicas, psicológicas, emocionais, profissionais, de formação, de familia, de tudo um pouco. Pronto me senti na maca do ginecologista, não poderia estar mais aberta que isso, vocês sabem tudo sobre mim. Doze folhas depois.

Com todos esses segredos desvendados poderiam até cruzar informações num site de relacionamento, vender informações para conspiração "Google Domina o Mundo" ou quem sabe traçar um perfil psicológico da minha alta periculosidade sobre o efeito da lua, meu lado transformado pelas marés, ou até a incoêrencia musical.

Gostaria de ter um dia para entrar na sala dos formulários, iria me divertir com todas as respostas dadas, mais prazeroso do que uma tarde no circo.

Mas aquele papel não sou eu, são impressões de mim a meu respeito. Eu não seria a maior suspeita pra falar de mim? Acho tudo isso meio furada. Vocês deveriam entrevistar minha tia da escolinha, ou a professora do primário, minha irmã mais velha, ou a minha melhor amiga, minha mãe é suspeita também então, poderiam conversar com a minha avó e meu tio, o porteiro também poderia falar.

Minha vida não cabe em doze folhas de formulários e perguntas psicológias, minhas viagens não cabem nas redações, meu coração não entra nas linhas, minhas idéias não competem com as barras entre espaços, meu desejo de vida não coube entre os quadrados, meu amores não se enquadram em letra de forma, minha vontade de melhorar meu mundo e dos outros ficou embolada entre a data de nascimento e a pretenção salarial, meus sorrisos não podem ser desenhados no fim da folha, meu afeto não é descrito de forma exata como meu peso, sou muito mais do que um monte de teorias psicologias do meu perfil, feita em cinco minutos por quantidade de respostas positivas e negativas, também não dá pra saber que adoro o mar ao ver os risco do teste psicológico, e nem que quero morrer com a integradidade inabalada e conciência limpa só porque assinalei um X no fim da folha, minha letra torta na assinatura não informa que sou inclinada a me doar aos outros, nem que admiro Nelson Mandela, os virgulas não detonam minha paixão por literatura.

Mas doze folhas depois vocês me conhecem; e descobriram nessa profundidade de mim que não sou o boa o sulficiente, não sou um ser humano apto, não tenho a inteligência necessária, nem capacidade precisa, vocês acharam que pela letra tremida eu sou indecisa, não viram como estava mole a ponta do lápis, me desejaram sorte da próxima vez, e pra não me sentir totalmente inutil informaram que meu perfil vai ser guardado, na sala escura dos formulários preenchidos, junto com as esperança de todos que juntaram força e coragem pra vencer doze folhas de tanta curiosidade, que no fim se sentem meio expostos invadidos, descartados e iludidos.

O melhor é esquecer rápido, só pensar no que escreveu de errado, e com a prática ter sempre as resposta que vocês querem na mente, assim vocês terão o que precisam, sem conhecer de verdade agente. Aprendemos rápido, quem sabe amanhã tem outro processo seletivo.

Alias
Enviado por Alias em 16/10/2008
Reeditado em 16/10/2008
Código do texto: T1231620
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