ACONTECEU ONTEM A NOITE...
Ele caminhava na solidão da noite, acompanhado por um cachorro vadio, que teimou em segui-lo, como se confundisse o rosto do andarilho com o de um dono perdido. Eles andavam por uma rua escura e suspeita, dessas em que qualquer sombra movendo-se ou silhueta faziam bater mais rápido o tum tum do peito; mas não tinha outro jeito, aquele era o único caminho até o ponto de ônibus, que nunca esteve tão longe.
Foi nesse espaço entre o caminhar até lá e o já ter chegado, que ele notou algo surgindo no céu que o deixou assustado. Não conseguiu seguir adiante e o cachorro, também assombrado, latiu e se dispôs a uivar.
Paralisado diante daquela presença, tudo o que ele conseguiu fazer foi olhar; pois por de trás de uma nuvem, ela surgiu prateada; parecia um disco, toda iluminada.
Encontro como esse nunca se viu igual: a lua, o moço e o cachorro em contato de diversos graus.
Ele começou a recitar uma poesia, ela encabulada, permaneceu calada; o cachorro não quis segurar vela, e partiu; não teve dúvida, inspirado, foi procurar uma cadela.
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