A minha "Hina", a secretária do meu lar. Uma senhora, que em seu  registro de nascimento, conta 55 anos. Semi-analfabeta, muitas vezes, pronuncia palavras, que soam como dialeto, difícil  de traduzir. Não refiro-me aos vícios de linguagem, ou ditos da terrinha, não! Mas,ao vocabulário que pertence a “sua própria gramática”, muitas  vezes, mais difícil de se pronunciar, do que o português correto. 
Tente corrigi-la, prá ver a zebra que dá! Até hoje, não consegui fazê-la pronunciar a palavra microondas!
Certo dia, fizemos um bolo e pedi que Hina, o guardasse em um lugar, que não fosse visto, queria surpreender a minha filha, com o bolo que ela  gosta! 
Onde Hina colocou? Isso mesmo... Lá no  microondas! Procurei, procurei... não achando, resolvi perguntar: – Hina... Onde está o bolo? Apressada, respondeu-me:  – No microônbus! – Como?  – Não! Coma não! A senhora num dixe que é prá minininha?
Chegou pertinho do meu ouvido e falou com ar de cumplicidade: – Eu  guardei no microônbus, prá minininha num vê...

Disse eu: – Ah! Minha boa Hina...  Tens razão, entendi...  Entendi! Mas,se você guardou o bolo no microônbus... Não vai sobrar nada!  Os passageiros irão comê-lo todo!

Outro dia, logo que ela chegou à nossa casa, sem nenhuma experiência, com o microondas, resolvemos fazer pipocas, para comermos durante um filme. Hina estava lavando louças , perto do microondas, quando às pipocas começaram a estourar... Hina começou a gritar, cada grito, um pulo, cada pulo uma louça ao chão:
- "Ai!  Ai!... Meu Deuze... Meu Deuze do céu"!

Corremos alarmados, para ver o que acontecia ... 
Rolamos de rir, com a ingenuidade de Hina, que já estava longe,  no quintal, amarela, pulando como se estivesse pisando em brasas.