Um desafio interessante

Há quatro anos, faço parte de um grupo de mulheres que se reune uma vez por mes para conversar, cantar, ler, enfim, buscar as suas verdades, o auto-conhecimento, suas intuições e instintos há
muito esquecidos e, cada uma a seu modo, aprender a valorizar a essência feminina.

Após o término das reuniões que duram cerca de duas horas, fazemos um lanche onde experimentamos o prazer de algumas delícias
levadas por algumas de nós. São bolos, pães variados, patês, sucos e chás.

Em todos os encontros, levo uma "quitanda" feita por mim mesma. É uma oportunidade para aperfeiçoar meus "dotes culinários", e porque não dizer, tentar ganhar um "elogio"? Nessa altura da minha vida, faz um bem!...

Mas vamos ao que interessa. Certa vez preparei uma torta salgada que é facílima de fazer, não sai caro, além do sabor "quero-mais", modéstia à parte. Duvido que tenha uma "dona-de-casa" sequer, nesse nosso país, que não saiba fazer a famosa "torta-líquida" que nada mais é, do que bater a massa no liquidificador, forrar metade de uma forma, rechear, cobrir com a outra metade e levar ao forno para assar. Fácil, fácil!

Acontece, que o sucesso da torta está no recheio, minha gente! Essa é a diferença das demais. Pois bem! A mulherada a-do-rou!

Ufa! Graças a Deus! Era um tal de "quero a receita!", "nooooossa, que delícia!"; "ah! passa a receita pra mim?". Eu, toda prosa, respondia:
"tudo bem, tudo bem! Envio por e-mail; deixa comigo!"

Conversa vai, conversa vem, de repente uma das "meninas" me faz um desafio: escrever a receita em versos. É isso mesmo! Formato de
poesia! "E agora, dona Ceres? Você está perdida!" Pensei com 'meus botões'. "Não sou o Vinícius de Moraes!" (Aquele sim, deixou para a eternidade uma receita de feijoada, divinamente escritas em versos).

Minha amiga só podia estar brincando! Naquele momento levei na brincadeira, mas depois!... Ai, ai, ai! Dias depois, melhor dizendo, a idéia borbulhava em minha mente e não tive sossêgo enquanto não escrevi a 'bendita' poesia. Logicamente não
tem a beleza do vocabulário do nosso grande escritor, mas... Estou feliz assim mesmo. Consegui realizar meu intento e registro, aqui
e agora, a minha 'façanha'. Vamos lá!



TORTA-LÍQUIDA EM POESIA

Ao desafio proposto
Eis abaixo o resultado
Fí-lo com muito gosto
Espero seja aprovado

Antes de qualquer preparo
Devemos em primeiro lugar
Em aquecimento moderado
O forno ligado, deixar

A massa será batida
Em liquidificador diluída
Ovos, leite, óleo e sal
Depois, a farinha especial

Acrescenta-se queijo ralado
Parmesão, de preferência
Vai dar gosto requintado
E um toque de excelência

Tais ingredientes misturados
Massa homogênea e líquida
Adiciona-se neste momento
Boa colherada de fermento

Usaremos como recheio
Mortadela - quem diria!
Ralada ou em fatia
Não! não precisa ter receio

Cortam-se delicadamente
Tomates em quadradinhos
Picando a cebola, sutilmente
Pra não arder os olhinhos

Deixe providenciado
Azeitona e queijo prato
Tudo isso bem picado
O prato, então, será montado

Despeja-se metade da massa
Em refratário bem untado
A seguir, será colocado
O recheio em camadas

Em fio bem generoso
Rega-se o azeite de oliva
Não deixe escapar a saliva
Que já enche a boca de gosto

Finalizando o processo
Despeja-se a massa restante
Leva-se a assar neste instante
E é só aguardar o sucesso

Assou? Espera-se, então, esfriar
Pra esta delícia saborear
Esqueça a culpa... (vou engordar!)
Que nada! Deleite-se com seu bom paladar

Não tema em aplicar essa arte
Cozinhar é ato de amor, de boa-vontade
Aproveite a facilidade
E faça hoje mesmo!.. Para o lanche da tarde!


É isso! Contente e sorridente, confesso que não vejo a hora de entregar às minhas amigas, o resultado do desafio. Pode até acontecer, que alguém questione: "mas como a gente vai fazer se não tem a quantidade dos ingredientes?" Para tanto, já tenho preparada a receita original, com tudo explicadinho. Ah! A internet? Não vou enviar por e-mail não. Prefiro entregar a cada uma, bem escritinho, com letra bonita - de preferência - já que hoje está 'fora-de-moda' o uso do tradicional 'papel e lápis!... Prefiro assim! É o meu jeito mineiro de ser!