Fim de jogo
Trilha o apito em cinqüenta e oito mil ouvidos. Como diria o mau Bueno: “Errrrrrrgue os braços o árbitro, final de partida”. Dentro do quadrado verde, onze não perderam, mas não sabem se riem ou se choram, três são escoltados e outros onze não ganharam; cabisbaixeiam. Mas todos vão saindo. Vão saindo outros vinte e seis mil que ocuparam seus pares de olhos, 45 x 45, com acréscimos, apreciando balé, porrada, malabarismo e futebol de vez em quando. Alguns viram o que não queriam ver, mas pagaram. Contudo a algazarra aconteceu. Troca de palavrões coreografados, xingamentos aos ascendentes daquele do apito extensivos aos das bandeiras. Era fogo amigo, fogo inimigo, fogo que os de vermelho apagaram. Teve fumaça que duvidamos se se apagaria, além, é claro, de cânticos ensurdecedores, timbalados e metalizados.
Os insultos ensaiados iam perdendo a coreografia após os portões exclusivos. O ditoso magote tricolor de um lado e o eixo-badeixo, de indumento funéreo, do outro. Os díspares se dispersaram. Ninguém se mistura, até chegar ao Terminal – onde alguém pode se tornar um paciente assim.
Dentro do castelo, agora de fato, plácido, garotos enrolam os fios pagando a entrada grátis. As brasas que assaram os gatos viraram cinzas. Dos marujinhos só os sacos no chão. Não mais gostosinhos, nem roletes, porém alguns em cana. Os lábaros enrolados não laboram mais. O colorido uniforme dos lotes de cadeiras mostram a cara. Desarmam-se as redes, apagam-se as luzes. É hora do gigante dormir.
(Jogo Fortaleza 2 X 2 Ceará - 11/10/2008, Estádio Plácido Castelo - Castelão)