Na Cartola (pensamentos guardados na manga)
“Já te acomodaste na pele do coelho que
neste momento é tirado da
cartola negra do universo.”
Jostein Gaarder
Então, quando penso que não quer falar comigo, imagino o que faria com que ele tomasse essa decisão. Fico surpresa como ele era uma pessoa que se surpreendia com o mundo, com as atitudes das pessoas, com a futilidade...no fundo o meu grande amigo tornou-se uma vítima do sistema; mesmo com seu alto nível de escolaridade e a aparente diferença no pensar demonstrada ao longo dos seus 23 anos de vida (a idade que tinha na época em que namorávamos). Acho que Jostein Gaarder diria que além de ter-se habituado à Lei da Gravidade, havia de habituado ao mundo. A apatia...Eis o mal que o corrompe, mal que talvez tenha sido levado em bandeja de ouro por sua nova mulher, ou junto com meia dúzia de palavrões e brutalidades, por mim mesma. O fato é que não acredito que se possa ser feliz vivendo com a consciência de outra pessoa, olhando através de um espelho que mostra uma face que não é a sua..., mas essa imagem o possui.
Atreva-se a viver, o imploro! Mas o fato é que acostuma-se com o confortável e o que dói, mesmo que traga a vida em troca é esquecido pelo covarde..., Será que fui eu que o fiz virar um covarde? O mundo já é para ele uma evidência, é lógico e absolutamente esperado. Tudo é esperado, e no caso dele, o mal na maioria das vezes. Acho que foi por isso que ele não respondeu às minhas cartas e aos meus pedidos de desculpas pelo que eu não fiz..., Eu apenas queria que ele pudesse de alguma forma se manifestar se assim tivesse vontade, mas acho que esperava o mal de mim. Acho que pensa que eu posso bater na sua mulher e xinga-la. Tenho vontade de fazer isso sim, porque na minha opinião ela foi quem o introduziu nessa covardia e nessa preguiça de olhar a sua volta o lindo pôr do sol e o formigueiro de pessoas complexas pela rua, mas apesar da vontade eu jamais faria isso. Primo pela paz e se penso que ele está feliz...Que teria eu que fazer para retira-lo da felicidade que sente? Seria eu uma louca de querer a infelicidade de alguém? Nunca!
Se não tivesse conhecido meu querido, meu Thor tardio e meu amigo amor! Ah, que não me falta nada com os seus carinhos e nossa amizade é como uma chama branda que me esquenta o coração e que por vezes me aquece tanto que me faz delirar de tanto amor. Meu tão querido namorado. Tantos conselhos me dá e tens uma mente que exala filosofia e paixão! Gostaria que você caminhasse comigo por essa vida estranha e me ensinasse a ter a tua calma, tua paciência divina e a beleza de tua pureza.
Poderia eu pertencer às forças do caos??? Seria eu uma deusa havitante do Jotunheimen, rainha do reino do exterior, estaria eu compactuando com perigosos gigantes que estão a tramar a destruição do mundo? Eu acho que não, meu caro! Veja o meu tamanho e perceba que os meus poderes nem são tão grandes assim...Preferia que não tivesse medo.
(continua assim que der...)