Bicho Mulher
Desde os primórdios, seja com tacape usado pelos índios da América ou com American Express dos providos de pequenas fortunas, tentam lidar e comprar tais bens. Preciosas em sua essência e chatas em sua menstruação, essa espécie inócua e perversa habita todo nosso território, em lugares frios, menos; em locais quentes, mais. Ah, de preferência com pouca roupa para que possível seja avaliar sua ferocidade.
Estudos comprovam que o tempo de vida dessas criaturas tem aumentado com o passar dos séculos devido a uma melhora considerável na qualidade de vida dos seres em questão. Há uma lenda urbana que diz que elas vivem mais que os homens.
Podem ser vistas nos grandes centros e na zona rural, umas mais zonas e outras menos vistas, onde para todas as outras existe Mastercard e noutra a quente burca esconde belezas extraordinárias, respectivamente.
Vivem sozinhas ou em bando, se for para ir ao banheiro, sempre com uma dama de companhia para aconselhar. As independentes sairam cedo do ninho e para lá não cogitam voltar. O IBAMA não impede a domesticação das mesmas, mas, cuidado, elas têm uma Delegacia só delas. E isso, meu amigo, caro pode lhe custar.
Também há registros recentes de confusão mental e falta de discernimento vindos de certos homens, fique atento, banana não é melancia. É comum a compra e venda de banana por debaixo dos panos, transação perigosa que, quando descoberta, leva a frustração de muitas jacas e moranguinhos por aí. Pode explicar a diminuição na taxa de natalidade de alguns países. Muitos povos crêem que mulheres são seres mágicos poderosos que sempre conseguem o que almejam e, com base nessa crença, vão em busca da troca de sexo, encontrada em Sistemas Únicos. Haja vista que tal prática é inaceitável para a sociedade, uma vez que, lançado o encanto, o mesmo é irreversível.
Fogueiras são acesas em vão, bruxas (como também são conhecidas) tomam conta das grandes metrópoles, desprovidas de medo e vergonha, raras as tímidas e recatadas. Personificação do demônio e representantes da tentação, as musas, descendem (supostamente) da extinta Eva que com suas curvas teria incitado o Pecado Original. Tal culpa não afetou sua prole, nem sequer abalou sua sensualidade, uma defesa hostil característica da espécie.
Alguns sutiãs queimados foram o estopim para a (r)evolução da raça. A partir daí, a forma física, afetada foi e novas cores de cabelo e vestimentas ousadas passaram a fazer parte do dialeto das humanas. Os burburinhos podem ser ouvidos da calçada de um salão de beleza, local onde celebram fofocas e frustrações alheias e homens são proibidos de adentrar.
Arredias aos machos, essas beldades transitam em seu território, buscando um bom porte para a procriação. Comum entre animais, o parceiro em potencial tenta atrair a atenção da fêmea, entretanto, com crescimento e a ousadia desavergonhada dessas meninas, é delas que parte a dança do acasalamento, nem que para isso elas tenham de ir até o chão. Chão. Chão. Até o chão.
Em algumas tribos femininas o macho deve permanecer na cama após o ato sexual e manter contato com as parceiras, mesmo que não exista interesse, a vontade do cara não deve prevalecer. A carência do mulheril, que ocorre depois da troca de fluidos, sempre vem primeiro. Machos que fogem a essa regra são caçados e destroçados moralmente em praça pública, comprometendo sua reputação e restringindo possíveis gostosas de cair em sua rede.
A vingança é típica das mortais e nem sempre carecem de motivos, basta que uma acorde inspirada em um dos mandamentos bizarros e inconsequentes de fazer sofrer o mais gentil rapaz, por pura diversão. A ciência busca explicações para tal comportamento e sem sucesso aplica técnicas de enrolação, velhas conhecidas dessas aventureiras.
Cantando o mantra: Agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar, elas prezam pela liberdade de gozar da companhia de mais de um homem durante a semana e defendem a idéia de que os moços devem abdicar dessa condição, pois aí, seria uma traição imperdoável, não importando o grau de compromisso estabelecido pelo casal no início da relação.
Talvez a fumaça da queima de roupa de baixo tenha afetado o sentido da espécie trazendo à tona esse sentimento de sempre ter razão, mesmo que sem cabimento. Esse despreparo acarreta danos irreparáveis e são usados como armas de defesa no tribunal do amor.
De fácil adaptação, as Evas podem passar dias alimentando-se de folhas e frutos, outras, mais loucas, apenas de água. O distúrbio é decorrente de cobranças inescrupulosas vindas de ditadores vis e donos de grandes cadeias de roupagem em massa de altíssimo custo financeiro. Podendo desencadear depressões e baixa estima nas mais frágeis. Sem deixar de mencionar o efeito oposto, quando as mesmas comem num ritmo frenético e depois, culpadas, regurgitam.
Fases agradáveis ocorrem durante a ovulação, estação conhecida por lindos sorrisos e compreensão clara dos fatos. Mas é na estação menstruação que essas feras indomáveis e imprevisíveis atormentam a mente masculina, causando desentendimento, encheção de saco, chamadas incessantes ao celular, falta de humor e sensibilidade em excesso, tudo ao mesmo tempo. Curandeiros experientes travam uma árdua batalha contra o trânsito e os horários de trabalho na caça ao ingrediente da única poção capaz de amenizar tais sintomas: o chocolate. E durante dias, o bicho mulher sangra, agoniza, inferniza e, não morre. O ritual acontece todos os meses. Sobreviventes a esse desafio são endeusados e admirados por seus companheiros.
A falta de diálogo se faz presente entre os dois seres, pois as mulheres possuem um idioma próprio, ainda complexo para o sexo oposto que fica intrigado com um "sim" que significa "não", e um "pára" que indica um "continua".
Contudo, essas serpentes encantadoras são obras-primas esculpidas uma a uma pela natureza e há milhares de anos hipnotizam os homens com o balançar de suas ancas e os devoram sem motivo aparente, puro capricho e vaidade dessas feiticeiras elouquentes.