esquisitos versos

Apetecia-me fazer um discurso, mas não me apetece nada. Os dias não se fabricam, vivem-se. Esta característica dos dias serem parte duma identidade onde somos parte, sem apreender do todo mais que fragmentos, torna-os variados e cheios de momentos.

Se escrevesse dentro de cinco minutos, escreveria algo completamente diferente. Tendo começado agora, daqui a cinto minutos ainda estarei a escrever e isto, mesmo que se vá alterando, será muito semelhante ao que é agora. Mais não será que um desenvolvimento onde estou envolvido seguindo esta matriz: escrever uma carta como quem desabafa um pensamento pouco estruturado, entregue à ideia de que ter ideias chega para dizer não importa o quê e isso é o suficiente para escrever coisas desinteressantes. Apercebendo-me disto, isto foi isto.

Estou agora a pensar que estou a pensar... começar a fazer, as páginas dum diário que não passei. Passar do caderno coisas como esta(s)...

{1- Vou continuar a manter comentários, numerando-os. Se alguém se der ao trabalho de vir procurar o 1, para saber onde começou esta série, encontra a explicação dos mesmos, todos estes textos pertencem ao 1º ano de Recanto...

Não tenciono manter qualquer ordem na recolha que for fazendo, entrego-me a este exercício de pensar que um dia poderia ter acontecido em qualquer dia...

Não vou é inventar dias! Reservo esta exclamação para, quando cair a cana do foguete com que a atirei ao ar, deixar esta questão: conseguimos inventar os nossos dias? Às vezes: muitas, poucas vezes, nunca? Este - nunca - seria uma pancada na cabeça capaz de matar um búfalo!

Irei fazendo um diário, o qual acabarei por divulgar, quando tiver conseguido passar os textos que fui escrevendo de Março a Março.}

Há uma explicação lógica e óbvia, com vários motivos: por um lado gosto de escrever à mão, não ando com o PC portátil dum lado para outro com frequência, não publiquei tudo o que escrevi ou escrevo.

{2- Mesmo que nunca venha a publicar qualquer peça teatral, considero-me um dramaturgo. O que não pretende explicar nada, embora seja a explicação de tudo. Deus conversa comigo, A Virgem é minha confidente, o Diabo empresta-me o fato no Entrudo, e Carnaval é quando Ela deixa. As restantes deixas ainda não estão escritas, foram ditas sem as ter ditado, esperam o dizer deitado nas palavras (a trepa da escrita ou as suas tripas, uma 'trip' da treta) !...}

A minha mãe é uma santa, o meu pai é um santo, eu sou um santo, agora vou santificar a arara: - Hoje não te apetece falar?

A noite

aterra de cabeça

e vai mergulhar na escuridão,

quando carregar no botão do candeeiro

irá levantar voo?

Esquisitos versos!

{3- "Comentários para quê? É um artista português!..."}

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 13/03/2006
Código do texto: T122600