NO AEREOPORTO
Espero o meu vôo.
Sentado num dos bancos, observo. A movimentação é intensa: pra lá, pra cá. As mulheres dominam as cenas. Haja olhos para observar a performance delas. São as vestes, as cores, os gostos na apresentação ou exibição feminina.
Faz um pouco de frio no transcurso do inverno. Aproxima-se um casaco de pele, movido pela impertigada velha nele envolvida. Com o espantado colorido de um cachecol, aparece um assanhado gay. Equi-
librando-se nos sapatos com saltos ponteagudos passa a adolescente
com ares de moça. Também, mulheres maduras com decote ousado
para mostrar parte dos seliconados seios. No meio dos transeuntes,
avisto o casal, cuja mulher, com longas e esquisitas botas, conseguiu
meter o corpo nas apertadas vestes e ao seu lado um arcado velho,
cabelos pintados. No par, a minha dúvida: esposo ou progenitor da
acompanhante?
Em cada mulher, confesso, prendo-me ao um volumoso detalhe: o tamanho das nádegas, vulgarmente chamadas de bundas. Quan-
ta variedade! Algumas, caídas; outras, bem servidas na abundância.
Poucas, ao meu ver e julgamento, bundas bem feitas.
Fixado nessa atração da passarela, não punha meus olhos no grande relógio à vista. Tinha ficado atraído, mas, não estava alí para examinar preferencialmente as passantes. Daí, o susto quando vi os ponteiros do exposto relógio.
Saí correndo para não perder meu vôo.