NO AEREOPORTO

Espero o meu vôo.

Sentado num dos bancos, observo. A movimentação é intensa: pra lá, pra cá. As mulheres dominam as cenas. Haja olhos para observar a performance delas. São as vestes, as cores, os gostos na apresentação ou exibição feminina.

Faz um pouco de frio no transcurso do inverno. Aproxima-se um casaco de pele, movido pela impertigada velha nele envolvida. Com o espantado colorido de um cachecol, aparece um assanhado gay. Equi-

librando-se nos sapatos com saltos ponteagudos passa a adolescente

com ares de moça. Também, mulheres maduras com decote ousado

para mostrar parte dos seliconados seios. No meio dos transeuntes,

avisto o casal, cuja mulher, com longas e esquisitas botas, conseguiu

meter o corpo nas apertadas vestes e ao seu lado um arcado velho,

cabelos pintados. No par, a minha dúvida: esposo ou progenitor da

acompanhante?

Em cada mulher, confesso, prendo-me ao um volumoso detalhe: o tamanho das nádegas, vulgarmente chamadas de bundas. Quan-

ta variedade! Algumas, caídas; outras, bem servidas na abundância.

Poucas, ao meu ver e julgamento, bundas bem feitas.

Fixado nessa atração da passarela, não punha meus olhos no grande relógio à vista. Tinha ficado atraído, mas, não estava alí para examinar preferencialmente as passantes. Daí, o susto quando vi os ponteiros do exposto relógio.

Saí correndo para não perder meu vôo.

Edson Freire
Enviado por Edson Freire em 13/10/2008
Código do texto: T1225987