Realidade e fantasia, por vezes se misturam!

Há uns dez anos atrás, em São Paulo, uns jovens que haviam estudado juntos durante o colégio e o cursinho, comemoravam a entrada à faculdade.

Os famosos bailes do “Bicho” eram o marco oficial da entrada para a vida acadêmica e causavam a maior sensação entre a moçada...

O baile em questão era a fantasia, o que já incentivava uma dose de criatividade, tão própria à juventude...

Um dos rapazes, filho de um conhecido, era realmente uma pessoa bem humorada. Extrovertido e de bem com a vida, foi o responsável pelo entusiasmo de toda a turma, para que caprichassem nas fantasias.

No dia do baile, ele e sua turminha se dirigiram ao clube em dois carros.

Num deles seguiam Batman, Robin, um moleque, portando uma bexiga e um pirulito...E um “presidiário”! Formavam uma “quadrilha” pra lá de interessante.

No outro carro via-se o Homem Aranha, o Zorro e um “Policial”. Formando um grupinho eclético, iam pelas avenidas paulistanas, em seus carros atìpicamente incrementados por adesivos e cores das mais chocantes...

Ocorre que em dado momento, dentro da realidade cruel do transito de São Paulo, que já era praticamente inviável na década passada, há um congestionamento e nossos rapazes, na intenção de fugir dele, aceleram e ultrapassam pela direita, “costurando” os veículos que estavam impedidos de se locomoverem...

Neste exato instante uma viatura da polícia surge e vai em disparada ao encontro de nossos rapazes, com a sirene ligada, impedem que prossigam, estacionando bem à frente deles.

A essas alturas, o trânsito todo parado, formava um cenário no mínimo cinematográfico... Os policiais, já de arma em punho, dão a ordem para que os rapazes desçam do carro e fiquem de costas apoiados nele...

Cena surpreendente!

O motorista do primeiro carro desce, e para surpresa dos guardas, vergava uma roupa toda colante no corpo, com uma sunga ridícula por fora, e ainda uma máscara vermelha! Do outro lado do carro uma figura negra, quase sinistra, envolta por enorme capa e com uma máscara também preta, estilo Tiazinha (o que na época nem poderiam imaginar que um dia existiria... desafiando a lógica do ridículo possível!). Não bastasse, um terceiro personagem surge de dentro do carro,... um “policial”.

Não possuía a dignidade e nem o porte dos verdadeiros policiais, pensam os guardas ao analisar a vestimenta um tanto desalinhada daquele pretenso homem da Lei... Inacreditável!

Após uns minutos de espanto, os guardas reagem e um deles pede em voz alta e clara os documentos do carro e a carteira de habilitação do que supunha ser o motorista...

Ouve-se um burburinho, e uma certa movimentação no carro de traz chama a atenção dos policiais que aguardavam a reação dos “suspeitos”.

Toda a rua estava parada, dos ônibus e carros podiam-se ver olhos e mais olhos arregalados, interessados em entender a cena que se desenrolava em meio ao terrível congestionamento...

Neste momento o guarda que havia pedido os documentos se depara com um “presidiário” que carregava uma carteira de couro na mão...

Ao aproximar-se do guarda, fala pausadamente:

- Os documentos do carro e do motorista estão aqui comigo... Mas só entregarei sob uma condição!

Sem poder acreditar no que ouvia, o guarda, já um tanto cansado com toda aquela história, responde calmamente:

É mesmo! E o que seria que tão distinta personalidade deseja me impor?

- Bem Sr. Guarda... - fala num tom de voz alto, firme e determinado - Só entregarei os documentos se o senhor prometer que jamais...Veja bem...jamais revelará a identidade secreta de nosso super herói!

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 20/04/2005
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