Pornográfico - não leiam os sensíveis
Pornografia - puristas, não leiam.
Tinha tanta convicção de que o sonho era real, que usarei o pretérito perfeito para botá-lo em comum.
A lua grande clareava a extensa beira rio. E eu nela passeava, para cima e para baixo, a exibir-me. Sentia tanto prazer em ser desejado por tudo e todos. Tinha eu a beleza do Campos, o corpo fisiculturista do Marx e o pau metia inveja no José. Comia quem queria. Eu era o tal. Nem dava conta de atender a fila inteira. Escolhia a carne de primeira e a de segundo jogava aos simples mortais. Não tinha tempo a perder com subproduto.
O cheiro de bosta que vinha do rio estava tão diluído que parecia não feder; sentia-se pouco o ardor costumeiro de fezes puras.
Sonhosa, rebolativa e se fazendo difícil, passou Rietê. Mediu-me de cima a baixo, disse que era comida de príncipe ou rei, não era dessas e que se eu quisesse lhe meter o ferro, tinha que isso e aquilo...
Disse que “se quiseres, é desse jeito; condição, não aceito”. Abri o zíper, saquei o pau e mostrei, à meia bomba. Ela parou, examinou, enfiou os dedos entre os cabelos e se decidiu: “Sendo assim, aceito”. Ajoelhou, deu ré.
Senti mais raiva do que tesão. Trinquei os dentes e soquei a vara. Deu-lhe a felicidade que a sociedade hodierna deseja: fútil, fincada no nada e tão duradoura quanto os efeitos do crack.