O Vizinho

Era um dia comum como os outros. Eu estava chegando do escritório,cansado e louco por um bom banho e o que me deixava feliz era o dia de folga que iria tirar na manhã seguinte.

Às sete horas fui acordado por um foguetório ao lado de minha casa, era o meu vizinho (não o conhecia muito bem, pois havia menos de um mês que ele se mudara para rua onde moro). Confesso que pensei em chamar a polícia,ele estava atrapalhando o único dia que eu tinha para dormir até mais tarde,isto é um crime,não!Mas bem, pensei melhor e resolvi falar com ele eu mesmo.

Vesti uma roupa qualquer e fui bater no seu portão que foi aberto rapidamente. Nunca imaginei que ele fosse tão forte e alto,diria uns dois metros.

Veio todo sorridente e disse:

-Em que posso ser útil vizinho?

Esta pergunta me pegou de surpresa.

-É que ouvi um foguetório... -eu já dizia quando ele me cortou:

-Ah!Você está querendo se juntar a mim para comemorarmos o feriado, pois não, entre, entre...

-Mas que feriado!Hoje é um dia como outro qualquer.

Percebi então que sua alegria havia se acabado, tornando seu semblante triste.

-Eu sabia vizinho, que ninguém se lembraria do dia de hoje, por isso resolvi comemorar.

-Comemorar o quê?Perguntei

-Veja bem, hoje são 22 de Abril, isso não te lembra nada?

-Não!Deveria lembrar?

Vi uma lágrima rolando pela sua face.

-Hoje é comemorado o dia em que a existência do Brasil ficou conhecida em todo o mundo, mas ninguém se lembrou de comemorar, por haver tantos feriados acabaram se esquecendo do dia mais importante para a história.

Fiquei sem jeito ao ver aquele homenzarrão chorando, pedi desculpas e voltei para casa.

Perdi a vontade de dormir e fiquei pensando:

“Se Cabral não tivesse errado o caminho para as Índias, nós não iríamos ter o carnaval, o futebol arte de Pelé e companhia, os saudosos e imortais poetas que exaltaram nossa pátria, enfim não poderíamos ter o prazer de dizer que somos BRASILEIROS”.

Bendito seja Cabral, por ter encontrado esta terra maravilhosa!”“

De repente senti que lágrimas brotavam dos meus olhos. Eu amava o Brasil e não sabia.