EM SONHOS
Quando estou deitada, em meu quarto temporário, a visão que tenho mirando a janela é de um céu azul de verão acompanhado de uma folhagem de palmeira. Sinto-me numa casa de praia, chego até a ouvir o barulho do mar. Outras vezes, com a mesma visão, transporto-me à casa onde passei o fim da infância e o início da adolescência, uma casa com um quintal enorme e piscina. Na verdade, se levanto e olho de pé a janela, percebo que ela não tem nada do que sinto. Estou numa casa mal construída, embora aprazível, numa cidade inóspita, mas que me faz feliz.
Talvez em nossa vida tudo seja uma questão de como se olha a janela e pela janela. Estamos sempre onde nossas atitudes e pensamentos nos levaram, mas somos tão descuidados com nossas ações e nosso pensar que nosso destino nem sempre resulta no que realmente desejamos.
Ao olhar pela janela, deve-se mirar com foco, objetividade, certeza, determinação, sem lamentos e suspiros, porque através dela vemos o que um dia desejamos ainda que inconscientemente. Quando se olha a janela, não se deve enxergar, mas imaginar o que queremos ali, porque a realidade é antes de tudo o que queremos, o que sonhamos.
Então, antes de nos levantar e enxergamos a vida de pé, é preciso se ocupar com o que visualizamos quando estamos deitados, com o que sonhamos até que um dia a gente aprenda que é preciso sonhar o tempo todo, até quando estamos de pé, vivendo o que chamamos de real.