Meus Irmãos, Mis Hermanos
Nascemos sós. E assim morreremos.
Como sozinhos fazemos a jornada de nossa existência.
Ninguém pode viver por nós nossa própria vida. É certo.
O que podemos é decidir como empreender essa caminhada.
Sós, imersos em nós mesmos, alheios e indiferentes a tudo e todos.
Ou escolher a solidão acompanhada.
Optar por partilhar com outros as belezas e agruras dessa viagem, sobre a qual conhecemos apenas o ponto de partida.
Ter com quem somar forças para superar obstáculos.
Ter com quem repartir horizontes: luzes da alvorada, nuances do ocaso.
Ter com quem admirar as hipnóticas labaredas do fogo, que aquece os corpos e ilumina o negrume das noites.
Ter com quem dormir-sonhar, embalados pelos sons noturnos, sob o cintilar da lua e das estrelas suspensas no firmamento.
Ter com quem nos proteger das intempéries e nos resguardar das forças dos elementos.
Solidão acompanhada é ganhar Irmãos em cada pouso dessa - ora árdua, ora suave - jornada.
Irmãos que nos abrem suas portas e em suas casas nos ofertam pousada.
Doam-nos seu pão.
Presenteiam-nos com sua generosidade.
Abençoam-nos com sua bondade.
Conquistam-nos com seu amor.
Ao partirmos, já não somos os mesmos. Jamais seremos.
Com eles deixamos parte de nosso espírito.
Deles levamos parte de seus corações.
É e será assim por toda a nossa caminhada.
Pois que a solidão acompanhada é isso. Uma sucessão de doações mútuas.
Enriquecemos com sabedoria ao ofertarmos generosidade.
Multiplicamos sentimentos ao dividirmos emoções.
Somamos virtudes ao subtrairmos egoísmos.
Celebrarmos a Vida na comunhão com o outro.
Sós e acompanhados.
Juntos e livres.
À essa Liberdade partilhada chamo de Amizade.
Para os que acompanho em suas caminhadas, sou Parceira.
Para os que comigo caminham em minha jornada, sou Companheira.
De ambos, sou amiga. E a ambos chamo de Amigos.
De ambos, sou irmã. E a ambos chamo de Irmãos.