LIVRO PUBLICADO

Escrever é uma arte que neste país não se reconhece sua valia

e importância.

Caminhamos por estradas esburacadas com os escritos embaixo

dos braços tal como os homens do sertão caminham pelo solo

árido e seco em busca de água.

Uma indústria de propaganda, imagem e que valoriza o estato so-

cial alimenta tal mercado editorial.

Editoras raramente visa a qualidade e o potencial do escritor e sim

o que este pode render em máteria de visibilidade e lucro.

Atrás delas vem editoras menores que oferecem a ilusória oportu-

nidade de concretizar o sonho de publicar um livro.

Sem falsa modéstia convenhamos até aqueles que juram de pés

juntos que apenas escrevem por amor as letras sem pretensão

acalentam tal objetivo.

Num primeiro instante os olhos brilham em extâse, afinal a proposta

de uma editora é uma luz, uma brisa que acaricia o ego.

Tal generosidade camufla a realidade, a propósta consiste que a

editora cobrirá todos os encargos editorias diante apenas de você

custear a pré edição.

Pré edição que inclue a compra de trezentos exemplares do res-

tante ela se oferece gentilmente a vendar teu livro querido.

Irônico se não fosse triste a cada um exemplar vendido dez por

cento é seu.

Empenho, tempo dedicado, estudo passa a ser uma colcha de

retalhos o qual qualquer um pode tecer.

Tal fácil quanto uma proposta bater a sua porta é a quantidade

que você as recebe.

Me perdoem, a lúxuria e ambição habitam em meu coração, não

posso conceber a idéia que isto seja o caminho para meu trabalho

ser reconhecido.

Inocentemente acredito que haverá um dia que a oportunidade vi-

rá de encontro aos meus propósitos.

Felismente nosso país não ensina o indíviduo desde a tenra idade

em apreciar o gosto pela leitura.

Tão pouco trabalha a cultura com o respeito que se merece, se

faz cultura com escandâlos, a ditadura da beleza perfeita e o

incentivo a desmoralização da educação e seus valores.

Deveríamos ensinar a nossas crianças desde pequenas a ter noção

de como administrar seu dinheiro, noções básicas de direito cívil,

gosto pelas letras e o quanto elas podem modificar uma vida e

noções de educação e civilização.

Para que quando chegassem a idade adulta não virassem adeptas

do consumismo.

Talvez somente assim consegueriamos espaço literário mais digno,

mas para que investimento numa área que tornaria o ser humano

pensante.

Quanto mais inculto e tolo mais fácil de se conduzir uma nação

e impor a elas as regras daqueles que tiveram a oportunidade de

cultura e esclarecimento.

Afinal conhecendo o poder que a cultura tem sobre o homem, nos-

sos governantes não seriam espertos em dividi-la.

Afinal não se entrega o ouro aos tolos!!

CAMOMILLA HASSAN