Keroli

Keroli, moça de família humilde, 17 ânus, trabalhadeira, trabalhava passando roupas para o dono do boteco.

Um belo dia, o dono do boteco, reparando em todo charme esbaldado por suas estrias, pergunta se ela não gostaria de trabalhar dentro do boteco passando a roupa dos clientes no balcão do bar. A maneira como Keroli deslizava o ferro de passar roupa, enquanto executava ao som de "me chama que eu vou" de Sidnei Magal, "Moon walk back trip em open break" , cativou os caminhoneiros que ali bebiam. Um deles, de maneira cortês e vil, hospitaleira e hostil, clamou seu nome em alto relevo.

- OõÕ Pedaçuda. Passa minha ceroula que é pra já. Mas, eu quero que você passe rebolando. Aliás... Passa lá em casa que eu te dou um ferro. Cê vai ficar tão emocionada que vai passar mal.

Sem titubear ela titaneou-lhe bofetadas e vradapaguejou esconjuras, dizendo-lhe em redondilhas heróicas dodecassílábicas alexandrinas sntenças Byronianas repletas de fel:

-VIADO! CANALHA, RESTO DE "ABROTO" DUMA FIGA!!! SEU BUCHADA DE BODE VÉIO SAFADO!!!!

Após a tão difamada bofetada, voltou, ao som de "gostosa" do Wando, ao balcão, esecutando um "back kick trip flip side walk cry baby lollipop mary jane sushi sahimi judô saikiodô ay ay ay miguelito! Chu-chu-pan-pan moonwalk".

A atitude serelepe, marota e trakinada da garota, em junção a audácia demonstrada através de sua dança a todos os clientes do buteco ali presentes enchendo a cara de caldo de mocotó e torresmo mal frito com óleo exacerbado da testa do vigilante Vidigal (GRAAAAAAAAAAAANDE PEROBINHA!!!) provoca exaltação (exaltasamba) de todos.

Imediata e lentamente após um longo período de gestação, o dono do bar, Julio, clama seu nome em louvor e sutil delicadeza:

-KEROLI, MEU "KOKRETE" DE TATU, TÔ TE PROMOVENO! INVÊS DE GANHÁ 3 REAL E UM "VALE-XEPA", AGORA CÊ VAI GANHÁ 3 REAL e 10 CENTAVO, UM "VALE-XEPA", UM LITRO DE "ÓLEO DE VIDIGAL"... E DE LAMBUJA, DE 13° SALÁRIO DO 13° ANO CÊ GANHA 3 HORA DE FÉRIAS E UMA GARRAFA DE PITÚ... E UMA GALINHA PRETA DE MACUMBA DE NATAL CUMAS VELA PRETA... E Ó SÓ... A GALINHA JÁ TÁ SEM CABEÇA... MAS Ó SÓ: CÊ TEM QUE DANÇÁ A CONGA E QUE OS CLIENTE MANDÁ...

Keroli, um pouco receosa da tão generosa oferta, como diria o ditado hereditado pelo grande Perobão (avó de Vidigal): "QUANDO A ESMOLA É DEMAIS, o SANTO AGARRA", profere palavras nobres de Julius Caesar: "SE É ASSIM, QUEM SOU EU, BRUTUS?!" - (o Caminhoneiro brutus se sente ofendido e joga uma chave se roda d seu SCANIA cegonha que voa leve na estrada como um caminhão-pipa em direção à cabeça de keroli, que por sua vez, escorrega e bate de cabeça no balcão, fincando o olho num prego 3/8 todo torto e enferrujado, onde Julio costumava pôr sua cueca pra secar e faz com que ela seja recocheteada e levada de cara ao balcão (50 vezes e com cada vez mais força), assim fraturando seu crânio, perdendo seu único dente incisivo (o que usava para coçar a língua) e quebrando a unha do mindinho da mão esquerda, sendo assim levada às pressas à manicure, onde assim chorava de dor por um olho só por ter quebrado a sua unha que não cortava a 23 anos, 14 meses e 37 dias {lembrando que 3 desses meses eram bissextos, logo = 8 dias [segundo a conta do velho Julio (ajudado pela sua calculadora humana, o Zé maneta, que tinha tudo para ser um grande pianista... só lhe faltava os dedos, que contou nos dedos do pé...)]}...

Onde eu tava mesmo?!

Ah, sim, falando da unha de Keroli... enfim... Keroli, se recupera, cauteriza seu olho e raspa a sua cabeça pra poder tomar ponto... e mesmo assim não perde a sua infinda beleza! Volta a dançar e passar roupa no boteco...

Inacreditavelmente, fantasticamente e alucinaldamente Keroli é recebida com muita festa à base de caviar e torresmo e é promovida novamente, como em um conto de fadas e saudada pelo mesmo Brutus (agora, pastor), que lhe oferece um livro sagrados escrito ao som dos anjos barrocos discípulos de Dioniso, o deus da bebedeira (-já ouvi essa frase em algum lugar...)

Keroli, feliz como uma corsa à beira do Tietê se empolga e vai logo fritar torresmo, animadíssima... mas como nem tudo na vida são flores, Keroli tropeça em seu próprio calcanhar e vai de cara no óleo quente, como uma criança no pote de doce. Keroli, agora, com seu lindo rostinho bronzeado é convidada por Jô Soares, (que comia muito torresmo no boteco) a participar de seu programa, onde é reconhecida pela polícia como criminosa traficante de torresmo de tatu e de óleo de Vidigal, e é presa...

Na cadeia encontra Brutus, vestido de mulher, preso por ter tentado assediar o bimbo do presidente da república em rede nacional. Keroli o Brutus se tornam amigos planejam uma fuga e cavam um túnel subterrâneo com o auxílio de um tatu que seria devorado por Brutus... Eles adentram no Túnel e ao estarem prestes a sair dele, Brutus peida, o Tatu infarta, e Keroli com um cisco no único olho que a restava não enxerga a saída, que estava a 6 cm de sua localização e morre de nó no intestino por tanta força que ela fazia pra tirar o cisco do olho.

Kleber Magri
Enviado por Kleber Magri em 10/10/2008
Código do texto: T1221676
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