Uma palavra para você

 

 

 

     Tenho ouvido dizer por aí que a gente consegue tudo o que quer desde que tenha realmente vontade de conseguir. Tenho também ouvido dizer e lido, que a arma para se conquistar qualquer objetivo é a palavra: escrita, pensada, mas principalmente falada. Por isso dizem também que a gente deve ter muito cuidado com o que deseja. Uma vez, em Belo Horizonte, fiz um curso onde ensinaram que, todas as manhãs, assim que eu me levantasse deveria olhar no espelho e conversar em voz alta comigo mesmo, dizendo o quanto sou bela, inteligente e poderosa. Ensinar me ensinaram, mas eu não aprendo tudo o que me ensinam.

 

     Estava eu hoje pela manhã tentando colocar ordem na minha desordem quando me deparei com uma série de livrinhos de bolso ainda não lidos e que provavelmente comprei para dar de presente e acabei esquecendo em um canto escuro do armário. Resolvi folhear um deles, exatamente o que provocou essas minhas reflexões sobre o poder da palavra. Lembrei que os comprei em Guarapari, em uma noite enluarada, enquanto caminhava pelas calçadas da Praia do Morro ouvindo o bater das ondas nas areias da praia. Embalada pela sessão nostalgia fui lendo aqui e ali e algumas coisas se fixaram em minha mente e agora, estou pensando nelas. Pensando e escrevendo. A autora de auto-ajuda, a norte-americana Louise L. Hay diz que existe uma lei espiritual, baseada na causa e efeito segundo a qual Tudo aquilo que se faz volta. Eu diria que é a Lei do Boomerang. Dona Louise garante que essa Lei se aplica as palavras: tudo o que falamos volta para nós. Não sobre a forma de palavras, mas de experiências. Algo assim como: se você gritar vão gritar com você também. Então é melhor engolir o grito porque se não acabará surdo porque cada grito vai causar outro. E Winston Churchill garante que engolir as palavras ruins que não se profere, jamais estragou o estômago de ninguém.

 

     Em relação às palavras sempre segui o seguinte critério: uso sempre as mais simples para expressar o meu pensamento, seja sob a forma escrita ou a forma falada. Também gosto de usar frases curtas. Comprovei a eficácia desse método bem cedo. Quando me formei no ensino médio, fui a oradora. O discurso foi escolhido pela turma entre alguns selecionados pela professora. O meu foi o mais curto. As palavras, as mais simples. E eu venci. Pelo poder da palavra. Não que fosse realmente grande coisa, mas fui a última a apresentar. E a turma cansada de tantos floreios e palavras esquisitas decidiu logo: vai esse aí mesmo que pelo menos acaba logo.

 

    Algumas coisas, porém aprendi sobre a palavra: sem ela não existiria o pensamento e sem o pensamento não haveria mudanças na humanidade. Portanto pensamento e palavra estão sempre juntos: a palavra reflete o pensamento, o pensamento se expressa através da palavra. Então é lógico afirmar que a palavra tem força, tanto para o bem quanto para o mal. Se passo a vida dizendo não sei, não quero, não posso, não consigo serão essas as palavras que voltarão para mim e farão de mim um ser inútil e infeliz. Mas se acredito que posso aprender que sei o que quero e luto para conseguir, a vida evoluirá de uma forma mais plena.

 

    A palavra é importante para todos os seres humanos, mas é principalmente importante para nós que escrevemos. Nós, os escritores. Não importa se somos profissionais, semi-profissionais, amadores ou entusiastas. Não importa se somos jornalistas, publicitários, professores ou demagogos.  Nós, que compreendemos o seu poder e a utilizamos para conseguir o que queremos. Seja lá o que for que queremos. Mas devemos buscar a sabedoria para usá-las porque se não se tornarão vãs.

 

     Refletir sobre o poder da palavra me leva a escrever este texto. Pensar em alguém que precisa ler o que estou escrevendo me faz sentir este texto. É para esta pessoa que estou escrevendo. Esta pessoa que precisa saber que sabe, deve e pode conseguir o que quer. Que precisa acreditar nisso. E que todas as manhãs ao se olhar no espelho deve dizer a si mesmo o quanto é boa no que faz, que sabe fazê-lo, quer fazê-lo e vai conseguir. Arrisque-se a parecer maluco, que importância isso tem? O importante não é tanto ser feliz quanto acreditar que pode ser.