Renascer para desencalhar...
Ao espelho, sobressaltei-me: quanto tempo esmiuçando a face! A praxe é não me olhar nos olhos e se o cabelo não espanta, está tudo certo. A parte que mais gosto em mim e o acaricio com freqüência, não se mostra: o cérebro.
Surpreendo-me admirando ao próprio rosto. Não tem tantas rugas, cravos inexistem, crateras também não, e a pele não me pareceu tão flácida como outras vezes. A cor me agradou sobremaneira e fios brancos, que se apresentam nas laterais, não me incomodam.
O sorriso está lindo. Os dentes, exceto os quatro sisos - dos quais me livrei recentemente - segundo Ibrahim, o bom dentista, estão perfeitos e em perfeito alinhamento, a ponto de dispensar aparelho. Temia tanto àquele aparelhinho! Nos outros até acho legal. Mas em mim, não cairia bem.
Disse, falando ao rosto de uma amiga, que lhe queria um grande favor; que me fosse sincera e que respondesse como está meu hálito. Não desmaiou, manteve-se viva e jurou-me que está perfumado. Acreditei porque o tenho tratado com bons produtos. Mas estou de olho.
Na minha página apareceu a foto do amor. Uma foto que só faltava dizer “eu amo e sou amado”. Ah, como é lindo o amor. Botei-me sonhoso, afável e sem medo pensei em amar. Preciso fazer isso antes que eu perca a pragmática e necessite regredir à lições básicas.
Quem sabe, a felicidade que nasceu em setembro, resiste ao inferno astral e em novembro me trás um grande amor? Agora caiu a ficha. Estou à caça. Se vacilar e me passar na frente, meto bala, abato e como.