CONFIRA ESTA, QUEM CONTOU FOI HARIRI

Segundo turno e lá vamos nós nos “engrandecer” com as pérolas dos senhores candidatos que não lograram eleição no primeiro turno, ditas através do rádio e da TV. O que me diverte nesses programas é o comportamento de determinados candidatos, principalmente quando se fazem de esquecidos e deitam falação desconhecendo qualidades de quem na eleição passada elogiavam. Mais divertido do que isso, só o direito de resposta.

A propósito, tenho uma historinha pra contar. A sua autoria é atribuída a Hariri, que viveu em Barça, lá pelos idos de 1122.

Conta Hariri, que se achava certa vez numa assembléia de homens espirituais; a conversa girava em torno de assuntos literários quando de repente entrou na sala um coxo trazendo todos os sinais da miséria. Depois de narrrar suas desgraças, implorou a generosidade dos presentes. Hariri ficou tocado de compaixão pelo coxo e quis aliviar sua miséria. Tirou então da bolsa uma moeda de ouro, e, fazendo-a brilhar a seus olhos disse: “Se fores capaz de fazer imediatamente um verso de elogio desta moeda ela será tua.” Nem bem acabou de fazer a proposta, eis que o coxo desandou a versejar:

“Que cor agradável. Como uma moeda de ouro é linda! O ouro atravessa todos os países, e tem sempre o mesmo valor, dá encantamento e faz o homem triunfar em todas as suas empresas; apenas a sua vista torna os homens jubilosos e o amor violento que ele inspira não pode exprimir-se. Também aquele de quem enche o bolso é orgulhoso e soberbo, pois que o ouro pode servir-lhe para tudo. Quantas pessoas que por seus meios encontraram em toda a parte escravos prontos a executarem suas ordens, que seriam, sem ele, condenadas a servirem-se elas próprias! De quantos aflitos ele não dissipou o exército de negras tristezas! Quantas belezas chegou a seduzir! Quantas cóleras aplacou! De quantos cativos abriu as cadeias e secou as lágrimas! Sim, se eu não fosse retido por sentimentos religiosos, ousaria atribuir ao ouro o poderio do próprio Deus.”

Proferidos os versos, o poeta-coxo estendeu a mão pedindo a moeda de ouro, no que foi atendido. E já se dispunha a partir, mas Hariri ficou contente da maneira pela qual o coxo fizera o elogio que tirou da bolsa uma nova moeda de ouro e lhe pediu: “ Podereis fazer agora versos contra esta moeda, e ela seria tua.” O coxo imediatamente improvisou estes novos versos:

“Ah! Moeda enganadora que tem duas faces como a traição, e apresenta, a um tempo,a cor brilhante dos belos tecidos que ornam a jovem amante e a do rosto do seu amigo descorado pelo amor! A infeliz cobiça de possuir o ouro arrasta o homem a cometer crimes que atraem sobre sua cabeça a indignação de Deus. Sem o ouro, a mão do ladrão não seria cortada, sem o ouro, não haveria opressão nem opressores; o avaro não franziria a sobrancelha, quando, durante a noite, lhe fosse pedida hospitalidade; o credor não se queixaria dos atrasos dos seus devedores. Não se teria porque temer o invejoso que ataca com as suas flecha aceradas de maledicências. Além disso, percebo no ouro um defeito palpável e que pode depreciá-lo, é que não pode ser útil a não ser saindo das mãos de quem o possui. Honra ao homem que o despreza! Honra àquele que resiste a esses pérfidos atrativos!

Mão estirada, e mais uma moeda o coxo ganhou

Pois é... Quantos "coxos-poetas" nós temos por aqui. O danado é que mesmo mancando eles ainda nos alcançam.

Sim, o coxo de Hariri não era miserável e coxeava por fingimento. Também

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 08/10/2008
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