A transposição do São Francisco
Fui ao cabeleireiro deixar o longo cabelo que há muito me incomodava. Numa daquelas tradicionais revistas, achei uma informação velha, mas que me deixou de cabelo em pé. A Veja, numa matéria de uma página, falava da transposição do São Francisco que o Bispo Cappio tentava sustar, através de farsante greve de fome.
Dizia a reportagem que o franciscano (Frei Damião e Padre Cícero devem estar se revirando nos túmulos), após receber condolências de puxa-sacos e políticos oportunistas, aliás, após apagarem-se os holofotes, à calada da noite, empanturrava-se de melancia e soro. E por isso mantinha-se lépido e enérgico, pronto para tornar-se o grande ídolo nordestino.
Pensei com os meus tico e teco: como um bispo que estudou filosofia, teologia - e sabe-se lá deus o que mais – submete-se a papel tão não-nobre para tentar intervir em questão tão crucial ao povo nordestinense? Se um representante da igreja age tão antiéticamente, como deve agir o individuo oriundo do analfabetismo, da periferia, da favela, do sertão? Em quem deve se espelhar o cidadão cuja cabeça contém apenas informações da tia da creche e os hormônios fervilham na carne viril?
Bispo Cappio, o povo nordestinense é não-letrado e não burro!