SEMTITULO

SEM TÍTULO

Quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A gripe que tenta se instalar na garganta desde ontem começa a incomodar menos. Vou ao espelho e pasmo. Meu rosto lindo de sempre enganar que pareço ter uns sessenta ou menos, despencou de uma noite para o dia. Na face sob os olhos linhas se cruzam quadriculando a pele, tirando a expressão boa do olhar que normalmente é. A pele de todo o rosto e do pescoço parece que vai se soltar, frouxa. Não condiz com o que está por trás deste retrato que só é de inteligência, lucidez, descobertas, interesses encantamento sentido pela expansão do amor por tudo, como se idade não houvesse.

Coisa de um mês já a pele dos braços começou a perder o viço e se encolhendo, emagrecendo e foi duro ver isto, pois tanto prazer é deixar a mostra os braços macios que gostam de abraçar com carinho os amigos e os filhos. Braços e olhos são linguagem explícita do amor e do tamanho ou qualidade da ternura sentida. Braços e olhos é linguagem também. Espero que estas transformações não afetem o meu carinho espontâneo característico. Que a vaidade da perda da beleza não me deforme também o sentimento e a sua expressão que estão em franco desenvolvimento em oposição a esta realidade física. Mas chocada estou. Baqueada? Não sei. É um primeiro olhar, Pena que o tive.

Quem está preparado para a velhice? Acho que ninguém encara isto com bons olhos, é uma novidade que se instala sem ser convidada. Logo em hora de tanta evolução interior, de transformações na alma, de momento evolutivo com tantos e tais crescimentos... É um paradoxo. Não tem a ver com decadência e sim com um crescimento da compreensão do espírito. Mas tem a ver com a realidade física. E há que se preparar para elas e aceitá-las. Não gostei. Não vou pensar nesta nova questão por agora. Deixa cair a ficha primeiro.

Desvio o olhar para lá fora da janela, pois um canto de passarinho no meio da folhagem é vida e coisa boa. Encantamento é o som do seu estribilho; transforma tudo, o sol é notado e apreciado e mais o frescor mexendo a folhagem. Oh! Chegou num vôo e pouso outro passarinho. Meu coração se alegra. Começa o dia.

Passarinho é tão questionador também. Aliás, é muito mais, pois ele apenas é. O encanto do seu canto é maior que outras considerações humanas. E não é atoa que desvio para a janela e para o passarinho. Isto é ato reflexo de vida, é involuntário.

Lindos... Lindinhos... Cantores...

Parece que eles até estão me entendendo, pois se puseram varios, a cantar entoando cantos diferentes, sons lindos e melodiosos.

O sol parece mais colorido. Tudo se transforma. Estes gorjeios valem mais que qualquer consideração. Não é dia de se olhar no espelho.

MLUIZA MARTINS

SEM TÍTULO

Quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A gripe que tenta se instalar na garganta desde ontem começa a incomodar menos. Vou ao espelho e pasmo. Meu rosto lindo de sempre enganar que pareço ter uns sessenta ou menos, despencou de uma noite para o dia. Na face sob os olhos linhas se cruzam quadriculando a pele, tirando a expressão boa do olhar que normalmente é. A pele de todo o rosto e do pescoço parece que vai se soltar, frouxa. Não condiz com o que está por trás deste retrato que só é de inteligência, lucidez, descobertas, interesses encantamento sentido pela expansão do amor por tudo, como se idade não houvesse.

Coisa de um mês já a pele dos braços começou a perder o viço e se encolhendo, emagrecendo e foi duro ver isto, pois tanto prazer é deixar a mostra os braços macios que gostam de abraçar com carinho os amigos e os filhos. Braços e olhos são linguagem explícita do amor e do tamanho ou qualidade da ternura sentida. Braços e olhos é linguagem também. Espero que estas transformações não afetem o meu carinho espontâneo característico. Que a vaidade da perda da beleza não me deforme também o sentimento e a sua expressão que estão em franco desenvolvimento em oposição a esta realidade física. Mas chocada estou. Baqueada? Não sei. É um primeiro olhar, Pena que o tive.

Quem está preparado para a velhice? Acho que ninguém encara isto com bons olhos, é uma novidade que se instala sem ser convidada. Logo em hora de tanta evolução interior, de transformações na alma, de momento evolutivo com tantos e tais crescimentos... É um paradoxo. Não tem a ver com decadência e sim com um crescimento da compreensão do espírito. Mas tem a ver com a realidade física. E há que se preparar para elas e aceitá-las. Não gostei. Não vou pensar nesta nova questão por agora. Deixa cair a ficha primeiro.

Desvio o olhar para lá fora da janela, pois um canto de passarinho no meio da folhagem é vida e coisa boa. Encantamento é o som do seu estribilho; transforma tudo, o sol é notado e apreciado e mais o frescor mexendo a folhagem. Oh! Chegou num vôo e pouso outro passarinho. Meu coração se alegra. Começa o dia.

Passarinho é tão questionador também. Aliás, é muito mais, pois ele apenas é. O encanto do seu canto é maior que outras considerações humanas. E não é atoa que desvio para a janela e para o passarinho. Isto é ato reflexo de vida, é involuntário.

Lindos... Lindinhos... Cantores...

Parece que eles até estão me entendendo, pois se puseram varios, a cantar entoando cantos diferentes, sons lindos e melodiosos.

O sol parece mais colorido. Tudo se transforma. Estes gorjeios valem mais que qualquer consideração. Não é dia de se olhar no espelho.

MLUIZA MARTINS

SEM TÍTULO

Quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A gripe que tenta se instalar na garganta desde ontem começa a incomodar menos. Vou ao espelho e pasmo. Meu rosto lindo de sempre enganar que pareço ter uns sessenta ou menos, despencou de uma noite para o dia. Na face sob os olhos linhas se cruzam quadriculando a pele, tirando a expressão boa do olhar que normalmente é. A pele de todo o rosto e do pescoço parece que vai se soltar, frouxa. Não condiz com o que está por trás deste retrato que só é de inteligência, lucidez, descobertas, interesses encantamento sentido pela expansão do amor por tudo, como se idade não houvesse.

Coisa de um mês já a pele dos braços começou a perder o viço e se encolhendo, emagrecendo e foi duro ver isto, pois tanto prazer é deixar a mostra os braços macios que gostam de abraçar com carinho os amigos e os filhos. Braços e olhos são linguagem explícita do amor e do tamanho ou qualidade da ternura sentida. Braços e olhos é linguagem também. Espero que estas transformações não afetem o meu carinho espontâneo característico. Que a vaidade da perda da beleza não me deforme também o sentimento e a sua expressão que estão em franco desenvolvimento em oposição a esta realidade física. Mas chocada estou. Baqueada? Não sei. É um primeiro olhar, Pena que o tive.

Quem está preparado para a velhice? Acho que ninguém encara isto com bons olhos, é uma novidade que se instala sem ser convidada. Logo em hora de tanta evolução interior, de transformações na alma, de momento evolutivo com tantos e tais crescimentos... É um paradoxo. Não tem a ver com decadência e sim com um crescimento da compreensão do espírito. Mas tem a ver com a realidade física. E há que se preparar para elas e aceitá-las. Não gostei. Não vou pensar nesta nova questão por agora. Deixa cair a ficha primeiro.

Desvio o olhar para lá fora da janela, pois um canto de passarinho no meio da folhagem é vida e coisa boa. Encantamento é o som do seu estribilho; transforma tudo, o sol é notado e apreciado e mais o frescor mexendo a folhagem. Oh! Chegou num vôo e pouso outro passarinho. Meu coração se alegra. Começa o dia.

Passarinho é tão questionador também. Aliás, é muito mais, pois ele apenas é. O encanto do seu canto é maior que outras considerações humanas. E não é atoa que desvio para a janela e para o passarinho. Isto é ato reflexo de vida, é involuntário.

Lindos... Lindinhos... Cantores...

Parece que eles até estão me entendendo, pois se puseram varios, a cantar entoando cantos diferentes, sons lindos e melodiosos.

O sol parece mais colorido. Tudo se transforma. Estes gorjeios valem mais que qualquer consideração. Não é dia de se olhar no espelho.

MLUIZA MARTINS