É hora da verdade

Até para se votar é requerida uma boa educação. Apertar um botão, qualquer criatura que possua dedos pode fazê-lo. A escolha de um candidato passa por uma longa e elaborada conversa do eleitor-cidadão para consigo mesmo. Votar é um ato simplório que requer um entendimento preliminar deveras complexo.

Se errarmos, corrigimos o erro; se o corrigimos, desse ato devemos retirar proveito e, uma vez tendo aprendido a lição tecida com o erro, elaboramos um ensinamento que nos sirva e aos nossos pósteros em suas vindouras escolhas. Sem a educação, não acredito que possa ser efetivado o milagre do desenvolvimento da cidadania responsável. Em um pleito eleitoral, nós temos a sacrossanta oportunidade de oxigenar a democracia e alavancar o modelo desenvolvimentista que aceitamos como o ideal para a sociedade em que vivemos.

Li que em Pedro Laurentino – município piauiense – 87% da população local é beneficiada com o programa do governo federal do Bolsa-Família. Não entendo qual seja o mais miserável, se o modelo local de beneficiamento social ou se o próprio beneficiado. Se o futuro dessa cidade hoje está desenhado nesse modelo, ele será bem menor ainda. A miséria é, às vezes, o pior vício que uma sociedade aceita inquilinar. Cronificar-se dentro desse substrato peçonhento é, além de arriscado, arrasador.

O homem acostuma-se com o que presta ou com o que o vicia maleficamente. Esse tipo de política desobedece aos ditames da cidadania e passa a algemar os seus cidadãos que passam a se desassistir de tudo de que carecem e que os cerca. Dão-lhe a vara quebrada, o anzol aberto e enferrujado e o rio pobre em peixe. O governo brinca de cuidar e o cidadão se atola na miséria que ele próprio ajuda a desenvolver. Isso não pode nem deve existir em lugar nenhum do mundo.

É um propósito modernamente responsável defender-se na atualidade um modelo sólido e bem constituído de desenvolvimento para o nosso país. As agruras do subdesenvolvimento do passado recente, travestido de desenvolvimento, não é mais bem lembrado. Novas idéias surgem no cotidiano de buscas do nosso povo, e viver mais e melhor é procurado com avidez. Desejamos impedir ou, no mínimo, dificultar bastante o avanço da corrupção na vida do Estado.

Taí, o voto é o mais lícito e eficiente meio de efetivarmos esse desejo antigo que temos, de ver um país mais decente. Um bilionário e um pobre irão representar diante das urnas, com seus votos, o mesmo peso e a mesma medida. Nenhum outro instante na vida de uma democracia é mais importante do que este. Daí por que é preciso que o aproveitemos bem e com muita responsabilidade para que o futuro não apenas prometa o desenvolvimento, mas o traga até nossa realidade de vida.

Tivemos um tempo razoável para ouvir os candidatos de todos os tipos. A imprensa fez seu papel. Estamos preparados para eleger nossos representantes. Resta agora cada um por si e a democracia por todos. Espero que não cometamos os erros do passado que até hoje nos incomoda. Não nos esqueçamos jamais de que a mesma mão que afaga é a que maltrata. Votar errado é crucificar o direito a cidadania e fomentar dentro de nós a dor da lamentação. Às urnas! Votar certo é construir um país melhor ainda!