Sinais de Fumaça
A humanidade evoluiu, aprendeu a conviver com as mais complexas máquinas, conseguiu desvendar diversos dos mais ocultos mistérios do universo, adquiriu inúmeros conhecimentos, descobriu e inventou coisas espantosas. E então, em meio a tanta riqueza, nos descobrimos pobres, perdidos e solitários. Utilizamos nossa inteligência em todas essas coisas, e passamos a agir uns com os outros como se fôssemos animais sem raciocínio.
Após evoluirmos tanto, voltamos a ser primitivos, inseguros, com medo de tudo e de todos. Ficamos presos em nossas cavernas, comunicando-nos através de nossos modernos sinais de fumaça.
Temos hoje à nossa disposição os mais eficientes meios de comunicação, a tecnologia nos permite falar com quem quer que seja, em qualquer lugar do mundo, mas mesmo assim, nos tornamos a cada dia mais mudos, recolhidos em nossas conchas.
Inventamos coisas que teoricamente nos manteriam mais próximos uns dos outros, e ironicamente, fizemos com que elas nos afastassem.
Somos o homem moderno, tão modernos que não podemos mais dar um beijo em nossos pais ao sairmos de casa pela manhã, evoluídos demais para oferecer um sorriso aos nossos colegas de trabalho, incapazes de no fim do dia perguntar (mas perguntar de verdade) a quem amamos: “como foi o seu dia?”
São atitudes ultrapassadas, primitivas demais para o homem da atualidade.
O que fazer então? Quebrar nossas máquinas, declarar guerra à tecnologia? Não penso que isso seja necessário, mas creio que devemos usar da mesma inteligência que nos ajudou a criá-las para nos ensinar a usá-las. Usá-las de forma que ela nos aproximem, de maneira que elas cumpram o seu verdadeiro propósito, o de reduzir as distâncias entre nós. Não apenas as distâncias físicas ou geográficas, mas principalmente, as distâncias emocionais, que são as que nos separam realmente.
Só então seremos evoluídos de verdade, quando conseguirmos unir a beleza do antigo, aos benefícios do novo, quando mesclarmos tudo isso sem perdermos a essência do que realmente somos, quando aprendermos a ser verdadeiramente aquilo que fomos criados para ser; seres humanos, carentes uns dos outros, feitos para sermos simplesmente irmãos.