Orgulho do papai e da mamãe?

Será que todos os filhos vivem essa necessidade sufocante de adquirir aprovação irrestrita de seus pais?

E mais. Será que para todos, essa aprovação tem que ser continuamente renovada, ou seja, nunca existindo um momento em que se possa respirar aliviado a ponto de dizer: Agora sim, estou satisfeita!?

Que coisa chata!

E não adianta cair no nada inteligente erro de dizer que a culpa é deles e que ELES nunca se convencem ou sentem essa satisfação farta, capaz de encerrar o desgaste da procura.

Sim, porque por mais exigentes, certamente não esperam tanto de você quanto você deseja oferecer. Ou esperam? Não sei, esse assunto me deixa confusa!

Eu sou aquela mulher de 32 anos que não pode assistir sequer uma propaganda que demonstre um pai com os olhos brilhando de orgulho ou de amor por um filho, que imediatamente vem um desconfortável nó na garganta e, se não desvirtuar o pensamento, leva a um choro ridículo e descontrolado, capaz de assustar até a mais compreensiva das companhias.

Também não adianta cair na dramática armadilha de interpretar esse descontrole por não terem, os pais, transmitido amor suficiente, por não amarem o suficiente e/ou dizer que se trata de uma lacuna na vida familiar e sentimental. Que preguiça! Nada disso!

Fui e sou muito amada, muito obrigada! Meus pais fizeram o impossível para nos passar tais sentimentos. E conseguiram, pois a certeza desse amor levou a me igualar aos milhões de filhos existentes, questionando se todos, ainda assim, sentem essa urgência insaciável de satisfazer seus respectivos pais.

Sou aquela tola que se apega aos pontos da vida ou escolhas com as quais meus pais não conseguiram concordar e se sente infeliz por não poder dar a eles o que esperam. Mesmo sabendo que eles fizeram e fazem o melhor de si para compreender e aceitar.

Viram quão infame é esta busca? Ora, só o fato de eles darem o máximo de si para aceitarem nossas escolhas é uma imensa prova de amor e confiança! Mas, por outro lado, pensar no orgulho que sentiriam se alcançássemos os degraus que eles imaginaram ou sonharam é alucinante, extasiante! E torturante também! Que loucura!

A questão é tão extrema que quando conseguimos o inebriante momento de presenciar o mágico brilho em seus olhos, o prazer é subitamente substituído por um estrondoso e inevitável pavor de não conseguir mantê-lo! Não é viciante?

O incrível é que não importa que saibamos que o mais eficiente trabalho é darmos o melhor de nós, independente do que façamos e que, mesmo inexistindo concordância inicial, no final, o orgulho virá pelo reconhecimento de termos feito nossas escolhas, batalhado por ela e sermos capazes de esgotar nossas forças para alcançar nossos objetivos.

Mas tem uma coisa. Uma certeza. Que o que poderia e deveria ser a cura para nossa patologia, é a consciência de que se, ainda assim, excepcionalmente não identificarmos este orgulho que buscamos, é porque, neste momento, eles estão perdidos em seus próprios vícios.

Sim, porque se nós temos o vicio de tentar incessantemente orgulhá-los, não tenham dúvida de que eles têm um vício indubitavelmente mais dilacerante e desgastante: A PREOCUPAÇAO COM OS PRÓXIMOS SOFRIMENTOS QUE PODEREMOS VIVENCIAR. E esse também nunca é findo. Pior que isso: esse certamente não tem cura!

Não reclamemos do nosso vício, nós procuramos amor, eles tentam evitar a dor! Continuemos idolatrando-os, eles são merecedores!