O cão necessário!

Eu não sei o que vocês pensam a este respeito, mas eu acho que um cão deve ter alguma finalidade. Será que eles só servem mesmo pra fazer seus “totoletes” no caminho e sujar os calçados e calçadas em geral? Nossa! Pisar estando descalço é a morte! Se tiver ainda “fresco”... Entrando pelo meio dos dedos do pé... Écaaaaa! Isso sem fazer nenhuma alusão ao Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, são coisas totalmente diferentes, é claro! Eu sei... Os dois provocam suas dores de cabeça! Bom... Estou particularmente interessado em dar uma reclamadinha a esse respeito. Calamitoso seria exagero, não é o caso, mas pelo menos muito irritante é o estado em que se encontram as ruas e as praias que ando freqüentando: É “totolete” de cachorro pra todo lado!

Acordei já meio mal humorado, o que não é novidade, fui me espreguiçar no quintal, me preparando para um banho frio... É verdade, eu só tomo banho frio, assim é que meu péssimo humor matinal é espantado a cada amanhecer... Eu sei, você está achando que não funciona, principalmente aqueles que trabalham comigo, nada disso, imagina se nem do recurso do banho eu me utilizasse!

Adivinha o que encontrei bem no meu caminho? Nossa! Um totoletão de cão fila brasileiro... Fiquei raivoso:

— Quem foi que deixou esse animal andar aqui na minha porta, ele tem seu espaço, sua finalidade... Já disse que não é pra deixar essa praga fazer essas coisas aqui... — eu na verdade estava falando sozinho, mas devo ter exagerado no tom de voz... Com certeza! Acordei os vizinhos...

— O que aconteceu aí?

— Nada... Essa meleca de cachorro que veio fazer suas necessidades em meu caminho, se não vejo isso... Poderia me sujar todo com essa porcaria.

— Eu vou aí catar, espera.

— Já catei. Só que joguei lá no caminho de quem eu acho que deixou ele solto aqui durante o dia.

— Você não presta mesmo!

É duro quando uma afirmação dessas vem da própria mãe. Na verdade ela lá tem seus motivos, é do tipo que tem cachorro dentro de casa, são dois pra ser mais exato. Minha irmã convive com cinco deles. Eu?... Só no quintal e com finalidade: Cão de Guarda.

Cachorro pode ser o melhor amigo de muita gente, mas pra mim ele tem mesmo é que morder um camarada que tente entrar aqui em casa sem ser convidado. Se o cão não servir pra isso, pra mim ele não serve pra nada!

Curiosidade: Vocês sabem o motivo de todos os cães terem essas caras de pidões, abandonados, carinhas manhosas, e por aí vai, sabem? A resposta é simples: Nós seres humanos matamos todos os que não se enquadravam em nossos padrões visuais. Matamos aqueles tinham caras de feras, dentões ameaçadores pra fora, bocas muito grandes... Caso tivessem uma cara muito feia e ameaçadora... Já era! Matamos sem pena ou piedade! É verdade pode pesquisar a respeito.

O dia já começou com esse percalço, então resolvi dar uma caminhada rápida, descer a rua, entrar na areia da praia, dar um mergulho pra relaxar, se o mar permitisse é claro, sair em outro ponto da praia e voltar pra casa. É verdade, hoje é uma manhã de julho, está frio, mas qual o problema? Nesses dias a água por vezes está quentinha e calma, valia à pena arriscar. Então fui para a rua...

Andei uns 100m e dei de cara com um cidadão passeando com seu animal, que pra meu desassossego estava descarregando aquele lindo totolete na grama do vizinho... Esperei um pouco fingindo ajeitar o chinelo... É duro, não é? Claro que o camarada deixou lá no meio da calçada a prova do crime. Tive vontade de recolher e jogar em cima do sujeito... Sei lá... O cachorro dele era dos grandes... Achei melhor seguir em direção a praia.

Linda... O mar havia feito patamares durante a noite, não deixando muitos sinais de civilização, a água clarinha, nada daquela cor de caldo de cana que aparece em determinados dias em função das correntes e ventos, não... Estava uma beleza! Entrei na areia já me refazendo das aflições daquele início de dia...

PQP... Escapuliu, não teve outro jeito! Perto da água haviam sinais, umas marcas que com certeza não são produzidas por pássaros ou outros animais que freqüentam as areias marítimas, pelo menos em lugares ainda selvagens... Foi o que deu pra arrumar agora! Pense bem, adivinha o que tinha perto das marcas, feito assim como monumento, enroladinho, com toda aquela engenharia que é característica da coisa? É isso mesmo: Um tololetão!!!!!

Caminhei uns 500m para um lado e achei outro. Resolvi voltar para sair numa praça que sempre costumo me esticar na barra... Nada desse papo de atleta, só se pendurar para esticar a coluna vertebral. Resumindo encontrei mais uns três monumentos, um inclusive com o autor da feitoria tomando conta! Foi nesse ponto que comecei a olhar para água...

O mar estava lindo... Andei mais uns 600m... Águas calmas... O pensamento veio à cabeça: É né! Essa eca toda vai se misturar com a água do mar. Cheguei bem na beirada do mar e molhei os pés... A água estava numa temperatura ótima apesar da manhã fria.

Subi, tirei a camisa e coloquei sobre a sandália. Fazer o que, né? Lá na água do mar já tem mesmo todo tipo de totolete marinho. Como será um de baleia? Não tinha outro jeito mesmo.

Depois de umas braçadas, fui me sentar na areia e entrar no clima relaxante do mar, seu som, seu eterno ir e vir, uma pontinha de Sol... Mais um mergulho para tirar a areia do calção e voltar para casa. Muito bom!

O caminho de volta foi diferente do anterior. Lá estavam mais e mais totoletes de caninos... Será que os amantes desses bichos acham isso bonito ou levam eles para passear logo cedo só para se livrar da porcaria deles e emporcalhar nossa cidade?

Me diz aí: É bonito isso?... Saudades do Lilico: “Tempo bom, não volta mais... Saudade... De uns tempos atrás!”

Etaaaa povinho porco! Pagam os justos pelos pecadores.

A. Luiz Canelhas Jr

luiz.canelhas@ymail.com

Saquarema, 03 de julho de 2008