Os agentes e as novas adjuntas!
Eu que trato de “adjuntas do lar” as jovens e senhoras que vulgarmente são chamadas de empregas, me alegro ao ver que o mundo parece estar evoluindo no trato para com o próximo. Aberrações como a que vou narrar espero não mais presenciar, até porque o acesso a um telefone celular está tão fácil que cada um pode ter o seu. Mas certa ocasião visitando uma madame carioca, moradora do Bairro Ipanema, me surpreendeu que ela determinasse a uma jovem que trabalhava como sua empregada, que ao atender ao telefone cobrisse com um pano onde se fala “para não contaminar com micróbios”.
A “adjunta do lar”, obrigada a tomar tal providência, não percebia que também estava protegida das bactérias da patroa, da qual não onde tinha colocado a boca durante a noite, nem menos se havia escovado os dentes como mandam os odontologistas. Mas com todas as vantagens, não deixava de ser uma situação constrangedora, primeiro pela voz abafada com que se via o alô no outro extremo da linha, e outro ao se imaginar que cada vez que se fosse falar em telefone público, por exemplo, tivéssemos que levar um fone enrroscável para substituir o ali disponibilizado pela concessionária.
Mas, a minha euforia esta ligada ao fato, pioneiro, do prefeito da cidade de Ponta Grossa, no Paraná, meu xará Pedro Wosgrau Filho, ter sancionado a lei que regulamenta a bilhetagem eletrônica nos ônibus, com alternativa a que não possua o bilhete; visitantes da cidade e outros e na mesma Lei que sancionou fique criada a figura do “agente de bordo”, antes chamados de trocadores ou cobradores. A mim me parece, mesmo com o salário anterior, ser uma valorização humana a nova denominação. Imagine dois jovens conversando; “agora a gente é agente, igualzinho as aeromoças!”. Quando o passageiro chama-los por trocador, com peito empinado dirão: “Agora nós é a gente”.
São coisas que não parecem, mas tiram as pessoas da vulgaridade e a elas fazem um bem danado. Quem não gosta de ser chamado de um modo mais humano, menos trivial. Eu por exemplo fico contente quando me chamam de alguma maneira mais social do que “velho” não que eu não o seja, mas “velhinho” até que vai, é mais melodioso. Olhando na ótica do bem estar do próximo continuo a chamar de “adjuntas” as amigas que trabalham na minha casa, mas qualificando-as: A faxineira é agora “adjunta ecológica”, a cozinheira passa a ser “adjunta do paladar”, a lavadeira e passadeira é a “adjunta dos trajes”. Agora até o engraxate da praça eu chamo de “agente do brilho”.
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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, “adjunto da notícia”, editor do jornal Vanguarda em Guanambi, Bahia, e roga a Deus que não lhe leve tão cedo para ser “adjunto do paraíso”.