Maroto, um Cão de Lida.
Maroto,um Cão de Lida.
Adolpho J. Machado
01/03/2006
Adolpho, meu avô materno, com o auxilio de alguns dos filhos, administrava sua fazenda onde os cuidados com a criação de gado bovino e eqüino, sobressaiam dos demais afazeres.
Havia o hábito de se atrelar um par de bois com uma “canga”, para que fossem preparados para futura tração do carro de bois, cujo uso era ainda muito comum na época.
Uma dessas “juntas” desapareceu , certamente fugindo através de alguma falha na cerca de arame farpado que separava a pastagem de um matagal vizinho.
Dois dos meus tios e o pai selaram três cavalos para saírem à procura dos fujões.
Maroto, o cachorro de lida, nesses casos nem precisava ser chamado para acompanhar os cavaleiros. Ele já sabia de sua obrigação como um ajudante.
Creio que seria mais justo que eu designasse como ajudantes, os homens envolvidos nessas buscas. Saibam, logo a seguir, o motivo dessa inversão!
Os três homens e Maroto permaneceram embrenhados na capoeira, até o anoitecer, quando meu avô resolveu deixar a procura para retoma-la no dia seguinte, já que a dificuldade aumentara muito com a escuridão.
Como de costume, o cão chegaria logo após e procuraria o seu alojamento no quintal do “casão” da fazenda. Isso não seria mais preocupação para os seus patrões.
Algumas horas mais tarde, quando já estavam todos dormindo, meu avô chamou os filhos que o haviam acompanhado na busca, dizendo: Vão abrir a porteira para a junta de bois. Eles estão de volta.
Como é que o senhor sabe? Perguntou um dos meus tios.
Ora! O Maroto latiu! Ele poderia simplesmente passar por baixo da porteira! Claro que com os bois não é a mesma coisa!
Quando lá chegaram viram o cão sentado, de costas para eles e de frente para a junta de bois que, com as cabeças baixas, esperava o final das suas aventuras.
Ao abrirem a porteira o cachorro retomou seu lugar atrás dos animais, fazendo-os retornarem ao pasto da fazenda.