Volatina
Tenho mania de me sentir “o cara” em relação à língua portuguesa. Todo dia de manhã, atino cada palavra que sai da boca dos apresentadores do telejornal Bom dia Brasil. E faço isso porque são os melhores. Não gasto neurônios com a grande maioria. Não suporto telejornais que fazem isto: fofocas em vez de jornalismo. Como se conclui isso? Ora, através da forma como usam a língua.
Mas, é isto o que interessa: a jornalista fez levíssima frenagem e disse “volatinidade” -está gravado é só conferir -; referindo-se ao “nem-fode-nem-sai-de-cima” dos americanos para remendarem o que não tem remendo: a moeda podre.
Pulei da cama injuriadíssimo me pergunta em que lugar ela teria encontrado a letra n para dizer tamanha barbaridade. Pois, a palavra não é “volátil”? Tudo culpa da educação brasileira, da carnavalização do ensino público, da imbecilização do professorado e do empanturramento com fubá ao alunato. Estou no lugar errado, na hora errada, num mundo feito a divergir de mim. Eu quero morrer...
Figuradamente, poeticamente e inteligentemente (quanto –mente desnecessário!), a jornalista usava a linda palavra “volatina”, de origem italiana que significa “trecho musical simples, de andamento rápido” ou etimologicamente: um voozinho, uma voadinha.
E então, quem sabe, assim pensou a jornalista? Explicar a farsa americana só se for poeticamente.
À mim “o que me falta-me” é a sagacidade de quem nunca tirou os pés do sertão cearense, como meu avô: jegue que usa ray-ban, é jegue gordo. Sabe por quê? Porque o vidro verde faz o animal pensar que o capim seco é verdinho, verdinho...
E é isso.
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