As pessoas não se preocupam mais em falar e escrever o português corretamente?
Antes que comecem a ler o texto pensando que vou criticar o pobre do povo brasileiro por "falar e escrever mal", esclareço que este texto é uma resposta dada por mim no "Yahoo!Respostas" à pergunta alarmista: "As pessoas não se preocupam mais em falar e escrever o português corretamente?"
Eis a resposta:
Quanto ao falar, prefiro não me pronunciar, pois envolve questões mil, com infindas discussões entre teóricos, professores e estudantes da área de letras.
Em relação à escrita:
Como já foi dito por alguns aqui, há casos e casos, não podemos então generalizar. Há casos, como o meu, em que a pessoa tem conhecimento das convenções gramaticais e ortográficas, mas preferem usar a linguagem na net em alguns contextos, exemplo: nos comunicadores instantâneos, no orkut, em perguntas divertidas do YR, etc. Não sou obrigado a escrever formalmente o tempo todo. Há caso em que ela não serve para exprimir certos sentimentos, emoções, empolgação, etc.
Há também casos de pessoas semi-analfabetas que acessam o YR. Qual o problema? Vamos privá-las do acesso ao conhecimento? Ou obrigá-las a irem à escola sem ter tempo ou motivação? Este é um espaço democrático, ou pelo menos deveria. Há casos de crianças de 8, 9, 10, 11 anos. Têm elas a obrigação de estar por dentro de toda essa convenção formal? Já as privam prematuramente da linguagem gostosa, que é a infantil, na oralidade. Aqui também? Há aqueles que estudam mas não têm acesso a uma educação de qualidade (às vezes, até os que supostamente têm, não conseguem alcançar uma boa formação). Vamos culpá-los pelo insucesso da escola ou pela incapacidade dos governos? Há quem erre por desatenção, não somos máquinas, o erro e a distração são inerentes ao ser-humano. Não faz mal SER EDUCADO ao apontar um DESVIO ORTOGRÁFICO (Leia-se desvio ortográfico como: faso, escultar, pesquizar; o que é bem diferente de vc, tbm, xau, bjaum, típicos da linguagem cibernética) ou à norma padrão, desde que o objetivo seja educar e não humilhar, instruir e não criticar.
Não admito que digam que a escrita abreviada ou modificada para o meio cibernético é sintoma de preguiça ou incompetência. É uma forma de linguagem altamente expressiva.
Será que alguém critica Drummond por escrever "Tinha uma pedra no meio do caminho" ao invés de "Havia uma pedra no meio do caminho"?.
Ou Oswald de Andrade por ter escrito:
"Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro" ?
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Bração p vcs.
Diogo X.