VOCÊ RECORDA QUANDO FOI SEU ÚLTIMO TOMBO?

Ridículo. Humilhante. São estas as únicas palavras que encontrei para descrever o tombo que levei hoje. Foi feio, hein! Resultou num “ovo” na canela, ficou verde na hora! Joelho esfolado, unhas dos pés desfeitas... Pior foi minha cara de lerda por estar estatelada no chão.

Já nem lembrava a última vez que havia caído assim. Deve ter sido entre nove e dez anos de idade, talvez treze, não mais que isso. Essa mania de atender os filhos dá nisso... Tombo! "Tombaço..."

Meu garotinho combinou de jogar basquete comigo. Aliás, fui intimada, convocada. Ficou empolgado e sugeriu um peladinha, só nós dois. Mesmo sem saber regra nenhuma de futebol, lá fui eu... Desajeitada, atrapalhada. Só que depois que consegui driblar e tomar a bola do meu filho, estava “me achando”! Quando vi, estava no chão, ralada, dolorida, ridícula...

Na minha frente com uma cara mais de deboche do que preocupada, aquele sapeca do meu filho pergunta:

“- Machucou, mamãe?”

Se fosse um adulto, acho que responderia com ironia, mas vindo daquele rostinho lindo, derreti-me e respondi encobrindo a dor:

- Não... Só ralei.

Claro que o jogo acabou-se naquele instante. Com dificuldade, desci a escada e dirigi-me para o banho. Só debaixo do chuveiro é que vi o estado que ficou minha mísera canela.

Hoje caí, literalmente. Este fato fez-me pensar nos tombos que a vida nós dá: numa separação; numa perda de um ente querido; num desemprego; numa traição entre amigos; numa moléstia grave ou incurável; numa impossibilidade de engravidar... Em suma, entre tantos outros.

A queda é ruim, muitas vezes inesperada e inevitável. Por isso que dói mais ainda. Geralmente aquilo que não esperamos, vem de uma forma tão violenta que nos impele para o chão. O reerguer pode ser muito doloroso, difícil. Sentimo-nos impotentes ou incapazes, é óbvio! Mas garanto e afirmo que se formos mais fortes do que aquilo que nos lançou para baixo, poderemos transpor barreiras!

Falo para você que está passando por uma queda dessas e que pensa que nunca mais vai ficar erguido, não acredite nisso! Haverá um novo amor; uma nova conquista; melhores oportunidades de emprego; ao menos um amigo leal sempre existirá... Resumindo, quando não desanimamos, quando não entregamos os pontos, surge uma solução inexplicavelmente. Sempre. Basta acreditar.

Então pode alguém questionar... E quanto às moléstias incuráveis? Respondo que se a medicina ou fé não curar, tenha resignação e aproveite os momentos para sublimar sua passagem aqui na Terra. Eu creio. Muito. Tenho por convicção que mesmo que Jesus não fosse o Messias, que creio que Ele seja, ainda assim eu acataria seus ensinamentos. Em toda a História da Humanidade, não houve até este momento que redijo meu texto, um homem com tamanha sabedoria. Houve homens inteligentes, grandes inventores, mas nenhum sobrepujou os sábios ensinados deixados por Jesus. E Jesus em suas Bem-Aventuranças deixa bem claro sobre aqueles que sentem alguma dor. Os que sofrem serão consolados.

Sabe caro leitor, que o meu tombo até foi proveitoso! Estive refletindo e tirando lições dele. Com tantas tombos sérios que a vida nos dá, não vou me preocupar tanto com aquela espinha na ponta do nariz que surgir justo no dia daquela festa tão esperada; de ficar envergonhada por não ter tido tempo de fazer as unhas; de sair com os cabelos molhados, mesmo que fiquem cheios de frizz, de ficar sem graça por estar de sandálias gastas quando chegar alguma nova visita em minha casa... Enfim, não quero viver preocupada com o que dizem ou pensam a respeito de mim. Quero viver. Aproveitar a vida. E só!

Encerro aqui com uma frase que uma menina, hoje uma idosa, lá das roças de Teresópolis falou, por vergonha de cair na frente dos colegas da escola. Na sua inocência caipira não imaginou, a pura menina, que um dia sua frase engraçada e ilógica ajudaria a compor minha crônica.

Ao levantar-se, depois do tombo, a menina diz:

“-Cair é bom... Queria cair mais!”

Faço jus a essa frase, dita há tantos anos, quando minha mãe ainda era uma menina, hoje com setenta e três. Ratifico que “cair é bom”, pois até de um tombo, podemos ter a oportunidade de elevar o espírito.

Então, repito, sim “cair é bom... queria cair mais!”

P.S. - Ao cair, não falei palavrão. Sai pra lá coisa ruim...

(Quem leu meus textos de terror, entende o que digo.)