Mergulho em um mundo encantado é o título de uma matéria que acabei de (re) ler, publicada em 02/04/2007, no jornal A TARDE, de Salvador. É... a matéria é antiga... E por que essa matéria merece ser ressuscitada após mais de um ano? Por vários motivos, mas eu quero destacar dois. Primeiro, porque fala de literatura (paixão, lazer, ofício...). Segundo, porque dentre as várias citações literárias, há uma que mostra um dos meus personagens preferidos, dentro da literatura em quadrinhos (sim, quadrinhos também fazem parte do mundo literário!) : CALVIN. Eu simplesmente amo esse menino!
E por que todo esse amor por um ser do mundo das tirinhas? Bom, antes de mais tudo, para quem não sabe, CALVIN é um personagem criado pelo norte americano Bill Watterson, em 1985. Acompanhado sempre por Haroldo, um tigre de pelúcia que ganha vida apenas diante do amigo humano, CALVIN, em seu universo mágico, conduz-nos a situações divertidíssimas, cheias de inocência, fantasia, criatividade, travessuras... Ou seja, tudo aquilo que faz parte da infância.
Então, acho que não há muito o que explicar sobre “meu amor”... Simplesmente, a infância é a época em que vivemos verdadeiramente. E viver verdadeiramente, significa dizer que é curtir, sentir a essência do que existe (ou deveria existir) em todos nós... Na infância, não há preocupações, não há rancores, não há ódio, não há disputas desleais... É uma época em que até as brigas entre amigos são facilmente esquecidas. Quem nunca brigou com um amiguinho de infância, com aquela expressão de “estou de mal pro resto da vida”.. e “o resto da vida” não durou mais do que alguns minutos?
Pois é... Em todos os episódios de CALVIN E HAROLDO, Bill Watterson nos mostra como crianças que fomos e que nunca deveríamos deixar de ser. Ele nos faz lembrar dos nossos amigos imaginários, das nossas brincadeiras, dos mundos secretos, das coisas extremamente simples da vida. Tão simples, que chegam a ser banais... Aliás, sempre que penso sobre meus personagens preferidos (sejam nos quadrinhos, nos cinemas, na literatura em geral), lembro-me daqueles mais inocentes, puros, ingênuos ou “bestas” que já se teve notícia.
Exemplos? MAGALI (turma da Mônica); BOLINHA (amigo da Luluzinha); DUDU (amigo do Popeye e apaixonado por hamburqueres), PATETA (amigo do Donald), LEANDRO (amigo do Lucas - do Fala Menino); ODIE (amigo do Garfield), HOMER (dos Simpsons); BOB (do Mundo fantástico de Bob); BOB ESPONJA (sim, o calça quadrada...) e seu amigo PATRICK; CHAVES e KIKO (destes dois não sei quem é o mais besta... E, sim, vejo e revejo quantas vezes puder e tiver tempo... E rio, rio novamente, das mesmas piadas... De verdade? Aqui não sei se o “problema mental” está nos personagens ou em mim...); ZACARIAS (o trapalhão amigo do DIDI); o MAGRO (do Gordo e o Magro)...
E por aí vai...
E por que estou falando sobre isso, nesse domingo de sol, verão, luz e possibilidades, em Salvador? Acho que porque estou com saudade de minha infância, e de minha porção CALVIN de ser... Tenho medo de que o mundo “real” me faça deixar de ser “besta”, de deixar de imaginar, criar, brincar.. e ter mundos secretos... Sim, tenho medo de me perder de meus mundos e de meus amigos imaginários...E como fazer para que isso não aconteça?
Eis aí uma simples, porém complexa questão... E... sinceramente, não é aqui que irei responder. Mesmo porque, não há respostas concretas nos mundos que se criaram ao meu redor...
_ E se você insistir em responder? – perguntarão alguns.
E eu responderei:
_ Porque aí é que os perderei de vez.
Portanto, nada mais me resta, a não ser me despedir....
Au revoir...
(Adriana Luz – 28 de setembro de 2008)
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