Orgasmo e melancolia, a fina linha que os divide.
Sim minha vida traçada em linhas pareceria um exame de cardiograma de alguém emocionado ou de coração instável ou ainda sem ritmo. Há pouco falava em brincar com o mundo, há pouco tudo fazia sentido, mas depois da auto masturbação, geralmente vem a melancolia, não eu não acabei de me masturbar, mas acabei de ser feliz sozinho, (compreende a metáfora?) e foi um momento de felicidade intensa. Eu até esperava alguma tristeza e melancolia rebatendo, coisa inevitável da vida, a lei da ação e reação também serve para casos sentimentais, mas a dizer que esperava algo tão destrutivo quanto foi?! A cidade e tudo ao redor, todos, todos se tornaram idiotas, vagos e vãos e, eu não fico fora desse "todos". Êita vontade de largar tudo, fazer a minha vida do modo mais individualista, egoísta e marginalizado possível... Vou tentar descrever o dia pra situar e acalmar:
Hoje acordei e investi o dia quase todo na banda da qual faço parte, à noite, saí para tocar violão num saral. Chegando na praça combinada, só eu e a tal praça, uma música tocada aqui outra ali e chega um velhinho gente boa e chato (não confundam os dois adjetivos, não têm ligação), depois chegou uma amiga e um amigo. Não saiu mais nenhuma música, nenhuma poesia e mais ninguém, o velhinho já se fora, o amigo também, andei por aí, eu e a menina e surpreendentemente fizemos aquilo que sempre fazemos, surpreendentemente,... essa foi boa! Conversamos, fomos pra rua e encontramos um velho amigo que não lembrava que nós existíamos ou não fazia questão mesmo. Havia a pouco voltado à nossa monótona cidade, conversamos, brincamos sobre sua indiferença e a chuva pensava em descer, do céu já transbordava gotas, de mim desanimo e meu violão não podia molhar, nem de um nem de outro. Propus ir embora e pra quebrar a rotina ou fazer a vontade da minha companheira, não a levei em casa. Pela insistência dela, é melhor não insistir pra levá-la, agente nunca sabe realmente quando estamos sendo chatos e ou inconvenientes.
Subi, eu e meu violão, mas antes passamos pelo "point" da cidade, esse nome já me da nos nervos, reflete a falta de criatividade e personalidade local: “point”... não dá pra engolir essa gíria modinha estúpida. O "point" são uma sorveteria e uma pastelaria ao lado, todos os freqüentadores vão bem arrumadinhos, de tênis e roupas com seus “merchans”, um festival de out-doors ambulantes. Sentam, conversam assuntos idiotas e inúteis, não digo infantis, mas ingênuos, vazios, pobres e mais, ou melhor menos. Aquilo tudo fedia ou fede à ignorância e hipocrisia. Todos são idiotas! Seus tolos, vão morrer sem saber o que é viver! - me imaginava gritando, mas controlei e passei calado, de nada adiantaria, não me compreenderiam, nem mesmo eu me compreendo...
Apenas olhei, franzi a sobrancelha, cumprimentei alguns conhecidos e subi até à praça, não podia mesmo ir pra casa, me encharcaria de magoas e assuntos internos mal resolvidos. Toquei algumas músicas com temas existenciais: Balada do Louco, Panis et circense e próprias. Senti-me melhor, torcia pra chover, o violão que se foda, que estragasse, ao menos curaria minha alma ou anestesiaria. Bem, não choveu, mas voltei pra casa melhor, pensando no sentido da vida, que sentido? De tudo nada faz sentido - concluí. Pensei nos tolos que citei acima e pensei o quanto também sou, por pensar estar certo, não arredo o pé, mas não sei onde estou pisando. Vivo da melhor maneira e ás vezes me sinto o pior, o mal do mundo. Hoje eu não sei viver...
Melhor, TALVEZ é isso que é viver, segundo opinião da linha do cardiograma são os altos e baixos que indicam vida, que indicam que o coração está batendo.
Porém os "baixos da vida" parecem mais constantes e firmes, os pontos mais altos são os orgasmos, as intensas emoções, o calor da vida, no entanto, seguido de um fundo do poço sufocante e aparentemente sem saída.
Não vejo a hora do cardiograma correr uma linha sentido pra cima denovo...