Economia – Cadê os homi?

Tenho visto no noticiário, às vezes a contragosto, o insistente bombardeio de informações sobre a crise americana. Nada do outro mundo, afinal trata-se da pujança que todos nós, de uma forma ou de outra conhecemos muito bem, já que consumimos suas marcas em todos os seguimentos de nossa vida. Adotamos sua moda, seu estilo de compras (com nomes em inglês e tudo), músicas, vícios, bebidas, tipo de alimento (que muitos cometem a bobagem de tornarem seu alimento básico), conceito de bem viver etc. Isto constitui um sofrimento porque implica num sacrifício hercúleo com mirabolantes buscas de auto-afirmação para que se sintam inseridos no que há de novo. Mas voltando às notícias: mesmo que não ouvíssemos uma opinião sequer, de nenhum especialista, saberíamos que a economia brasileira seria afetada de alguma forma pela crise americana. É claro que seria! Sabemos que o Brasil está bem? Sim! Que esse fato reduz o impacto sobre nossa vidinha caipira aqui no hemisfério sul? Também! Que a crise americana vem nos surpreendendo com o seu tamanho? Claro que sim! ...E que o presidente Lula não poderia ser alarmista e sair por aí dizendo que a gente vai se lascar, porque não está aí para por o povo em pânico? ...E porque ninguém sabe (nem os americanos) quando e que reflexos esse crash terá sobre o mundo globalizado? Positivo!

Pois é. Todos os programas de entrevistas com professores de faculdades de economia, com economistas famosos, jornalistas de economia e o diabo a quatro de economia ficam repetindo a mesma coisa, isto é, o que eu e você lá nos confins da Cochinchina brasileira sabemos desde criancinha: ninguém sabe a onde isso vai dar nem os exatos reflexos. Evidente que aparecem os de tendência catastrófica (mas sem arriscar nenhum palpite objetivo) e os de viés ameno (sem descartar um tsunami financeiro). Todo mundo em cima do muro!

Gostaria que alguém arriscasse o prestígio e dissesse, por exemplo: “Os Estados Unidos iniciaram um processo de derrocada cujo primeiro degrau, já estão pisando em direção a uma definitiva mudança de patamar” ou então, “Os americanos estão involuntariamente dando o primeiro passo histórico rumo a uma nova ordem mundial”, ou ainda “A quebra dos bancos americanos colocou os Estados Unidos em pé de igualdade em relação até aos países emergentes, quanto às vulnerabilidades propiciadas pela globalização que tanto protagonizaram”.

Que coisa! Os caras ficam se repetindo! Falando obviedades a ponto de até quem não entende bulhufas como eu conseguir pensar em outros desfechos, ainda que graduais!

Só me faltava agora me encher de pompa e dizer: “vamos esperar mais um pouco até enxergar os efeitos do pacote de medidas que o governo Bush deve desembrulhar nos próximos dias”. Não é que eu deseje isso, é lógico!