Felizes nós que emagrecemos!
Principalmente em filmes americanos vejo um amontoado de gordinhos sorrindo; não sei se o fazem por serem atores ou são felizes de verdade! Já pesei 128 quilos e sei bem do que falo, era jovem parecia feliz, pensava ter saúde e vivia sorrindo para quem me servisse um bife com fritas e um refrigerante. A vida, ou seja, a comida era uma delícia! Não podia ouvir falar em uma feijoada, ainda mais se acompanhado de uma loira gelada; as quentes ficavam em segundo plano! A primeira mesa ocupada era com a minha vistosa presença, e se possível bem próximo ao caldeirão. Mas o tempo foi chegando e meu peso se estabilizou em 110 quilos, assim mesmo era muito.
Já comemoro uma década que descobri que estava diabético, e isto graças a uma diplopia que me acompanhava pelos dias. Enxergava nas estradas duas carretas, dois ônibus, dois carros, e rezava para que ao cruzar com um deles estivesse acertando a imagem falsa e não a verdadeira. O veiculo que vinha em sentido contrário era sempre um susto! Resolvi então fazer exames de sangue e descobri o risco de morte que tinha, mas relutava em aceitar que teria que abandonar o garfo grande e o prato fundo. Tudo começou a mudar em minha vida.
Passei em ouvir mais as pessoas no intuito de que alguém me ensinasse a cura. Só comia doces as escondidas, como se escondido não me fizesse algum mal! A vida aos poucos foi ganhando outra dimensão e fui descobrindo que eu, que já havia amado a tantas, devia amar a minha vida. De lá para cá foi um processo construtivo, e não acho sentido em ficar horas a fio em uma mesa de bar olhando quem passa, enquanto esvaziava garrafas e mais garrafas de cerveja. Sorte minha que nunca fumei! Troquei o tempo em que nada aprendia, com leituras e escritas, passando a exercer com mais ânimo o jornalismos que é minha profissão.
Não consigo hoje ficar calado e sempre que oportuno conto a alguém que gordura não é saúde, e nem comida em quantidade é o que mata a fome, embora mate! Confesso que nos primeiros anos imaginava que um docinho de vez em quando, uma meia dúzia de cervejas não agravaria minha saúde. Puro engano! Somente do meio deste ano para cá resolvi levar a sério as recomendações da nutricionista e fazer uso correto dos medicamentos que o endocrinologista me avia. Assim como passei a amar e obedecer ao Pai, que já não necessita me dar “surras da vida” para que eu o entenda, assim agora Dele só peço que dobre o meu tempo de vida, a primeira vez que isto pedi tinha trinta anos, já estou com sessenta. Continuo pedindo o mesmo, apenas isto! .
Hoje tenho a certeza que o homem morre pela boca, principalmente pelo que nela entra. Não nascemos carnívoros, nos tornamos porque a carne, devido a sua demorada digestão, nos dá a sensação de barriga cheia. Hoje um quilo de carne em minha casa, onde vivo eu a mulher e duas filhas, dura quase um mês. Eu que gostava de um churrasco duas peles, lambendo beiço com as gordurinhas, agora me alegro com a pele mais bonita, como elas dizem! Maravilho-me com uma sopa de legumes, com os “docinhos” dietéticos que eu mesmo faço, e no lugar de refrigerantes artificiais tono suco de laranja natural até sem adoçantes. Agora a minha vida é verdadeira!