IMPACIENTE? RECLAME
Sinceramente, tem dias que a gente está mais para empacotar nuvens do que para escrever uma crônica, além do mais estou impaciente e quando a gente está impaciente é pra reclamar, pois já dizia Rui Barbosa, citando não sei quem: a paciência e o silêncio formam a negligência dos maus e tenta a perseverança dos bons. Por que, sei não, além do mais o Rui morreu faz tempo e não explicou.
Já sei o que escrever, vou falar bem e mal de alguém e a vítima será o filósofo Francis Bacon.
E lá vamos nós:
O jornalista Osair Vasconcelos disse certa vez em um artigo, que é preciso melhorar a distribuição de nossa riqueza “antes que os rios subterrâneos juntem-se numa corrente caudalosa que nos leve a alguma foz desconhecida” .
A propósito de distribuição de riqueza disse certa vez o filósofo Francis Bacon que a melhor receita para evitar as revoluções (corrente caudalosa?) é a distribuição eqüitativa das riquezas, pois o “dinheiro é como adubo, para nada serve, a menos que seja espalhado”. E olhe que o filósofo não pregava o socialismo, não tinha confiança no povo, considerava que a adulação mais baixa é a adulação do populacho e deu razão a Focion quando ao ser aplaudido pela multidão perguntou o que havia feito de errado.
O filósofo Francis Bacon nascido no ano de 1561 viveu na Inglaterra e teve a sua glória no período de Elizabeth, onde as “virtudes” exigidas na corte da rainha foram descritas em versos cômicos por Roger Ascham, da seguinte maneira: “ Trapaceie, minta, adule e cultive a hipocrisia, / Quatro requisites necessários para a Corte favores obter,/ Caso não queira sujeitar-se a dessa forma agir,/ Boa viagem, meu amigo, feliz regresso ao lar!”
Tendo sido feito barão Verulan de Verulan e Visconde St. Albanis, Bacon que, como disse acima, conheceu a glória no reinado de Elizabeth e sobre ele foi dito que os seus ensaios são como uma comida substancial, que digerida em pequenas porções constituem o melhor alimento espiritual da língua inglesa, teve o seu declínio no reinado de James I, isto por conta de desvio de conduta. Exercendo por três anos o cargo de Ministro da Justiça da Inglaterra, para nos fins de seus dias assumir o cargo de juiz. Investido do cargo e com forte tendência a fazer despesas, adiantando-se aos percebimentos a que fazia jus, não lhe permitia o luxo de ter escrúpulos; não fugia ao costume de sua época, (1621) isto é, aceitava, como os demais, “presentes” de pessoas cujos casos estivessem sendo julgados em seus tribunais. Até que um dia, um litigante acusou-o de receber dinheiro para a rápida solução de um caso. O parlamento achou culpa no ato de Bacon e pressionou o rei James, que o enviou preso para a Torre de Londres – para ser solto no outro dia. (Não recebeu medalha, mas a pesada multa que lhe fora imposta foi perdoada pelo Rei.) A respeito de seu julgamento disse o filósofo: “Fui o juiz mais justo que houve na Inglaterra nesses cinqüenta anos; mas foi o julgamento mais justo que houve no Parlamento nesses duzentos anos.
Morreu pobre e na obscuridade o grande Bacon. Deixou escrito no seu testamento estas palavras: “Lego minha alma a Deus... Meu corpo, para ser enterrado obscuramente. Meu nome, às gerações vindouras e às nações estrangeiras”.
As gerações e as nações o aceitaram, prova disso sou eu aqui, em pleno século XXI falando sobre ele.